quinta-feira, 15 de maio de 2008

O amor na prateleira

Ladeira atrás de ladeira. Subi, desci, cansei, suei. Mas São Paulo é isso, né não? Confesso que não sinto mais o tesão que sentia por essa cidade. Venho desde um ano de idade, quando minha memória ainda nem tinha bateria, e por muito tempo desenvolvi o amor que qualquer ser cosmopolita pode ter pela cidade. Morei quatro anos em Santos e vibrava ao vir pra cá regularmente. Mas ultimamente o tesão morreu, tipo casamento conformado de ter que comer só pra comparecer.

Daí tem a Paulista, as livrarias, shows e os filmes bons. É quando a coisa fica meia-sola, só aquele sangue que enche o corpo cavernoso o suficiente para uma bela bimbada. Não, tem as padarias também. É, tem as babys também. Só faz falta aquele calorzinho humano. Na cidade que lança tendências, a solidão nunca saiu de moda.

Estava conversando com meu amigo Doda sobre essa questão do lado humano paulistão. Tô numas de me hedonizar mesmo. Não tem porra nenhuma de religião, Buda ou raio na cabeça, mas uma busca pela emoção cada vez menos canalizada nos grandes centros. Tá, beleza, em Montevidéu nem te olham na cara, mas a falta de ambição torna as pessoas mais verdadeiras. Dois dias longes e sinto uma saudade do caralho.

Um amigo meu, jornalista de um grande jornal de São Paulo, nascido em Montevidéu, disse que uns caras que foram cobrir lá um jogo da Libertadores dia desses acharam a cidade uma grande bosta. Achei legal saber disso pela opinião ser de um paulistano bunda-mole. Natural, afinal, aqui é a Nova York do terceiro mundo, né?

Foda é a grana que se gasta. Eu ando, ando e ando. Suo, canso, respiro e tento controlar os gastos. Mas acabei sacando o Machadão de Assis da prateira e puxei 20 pratas da carteira. A ocasião faz o bestão. E faço com ternura o papel de absolvente das oportunidades que Sampa me dá. Nessas horas, o tesão fala mais alto. Desculpe, meu amor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Fala, Damaso! Já que estás tão perto, quando vens aqui pelas bandas do Rio Grande do Sul?
Entre em contato para gente tomar umas Polares, Patrícias, Noreteñas e afins.

Grande abraço.

Helio Marques.