quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sonho guardado na garagem


Presidente Elvis e o click formidável de Renato Reis


Tenho uma banda. É o objetivo de qualquer pessoa que um dia pendurou uma guitarra, plugou em um amplificador e ouviu um acorde distorcido pelo pedal de overdrive. É o desejo de qualquer moleque que descobriu Beatles aos nove anos, se arrepiou com a guitarra de Tommy Iommi aos 15 e acreditou nos Pixies aos 18. Tive uma penca delas, mas agora tenho uma só há oito anos, ela se chama Presidente Elvis.


Antes disso tentei dar vida às minhas composições horrorosas por volta de 1996, 1997, quando tinha o Mary Fuzzy. Eu tocava guitarra, cantava e escrevia as letras tentando acompanhar numa leva ordinária de bandas indies que cantavam em inglês. O som sofria (no melhor sentido da palavra) influência de Stone Roses, Jesus and Mary Chain, Echo & The Bunnymen, Catherine Wheel e Adorable, de quem fazíamos diversos covers. Durou dois anos e nunca nos apresentamos por aí. Tudo bem, Belém era outra. O Mary Fuzzy era eu, Francisco “Cara-Dura” (que depois foi do Turbo e I.O.N., vindo a se chamar Frank Hard-Face), Planária (do Norman Bates) e Kássio Neiva (que não sei por onde anda). Depois teve o Dudu, lá pro final.


Bom, o Presidente Elvis já existe há oito anos. Surgiu em uma das férias que eu passava em Belém quando morava em Santos. Lembro que eu mesmo fiz a correria para reunir a moçada. Eu, Dudu e Gustavo (que mais tarde fundamos a Se Rasgum) nos juntamos com o Carlos “Canhão” Brito (baterista da Euterpia) e Angelo Cavalcante - que já acompanhava Canhão e Gustavo em projetos anteriores. Ensaiamos músicas de bandas que a gente curtia como Pixies, Beatles, Jesus and Mary Chain, Joy Division, Radiohead, Júpiter Maçã, Beatles e mais uma porrada de coisa indie pra caralho que nem lembro agora. E então fizemos um show no bar Art Rock, no bairro do Reduto, de propriedade do suíço Alan, um gringo gente boa que andava num motão classe A com sua esposa marajoara. Lembro que a mulher dele tinha um ar sofrido, reclamava da vida com um suspiro característico de quem já passou por poucas e boas nesse mundo. Enfim, isso não interessa. Espero que eles estejam bem. Era um casal bem simpático.

Então o Presidente Elvis existiu nessas minhas férias de julho, dezembro e janeiro em Belém, até que no meu último ano na Baixada Santista passei um bom tempo sem vir a Belém, então os caras fizeram alguns shows sem mim – era sempre em aniversários de amigos ou ocasiões em que eram convidados. Voltei para Belém em junho de 2003 e resolvemos voltar com a banda para o primeiro natal da Dançum Se Rasgum Produciones, em dezembro do mesmo ano. Foi quando nasceu o Jingle Hell (que ainda não tinha esse nome) e nosso charminho em dizer que só tocávamos no natal. Foi legal, até vir a fissura de tocar mais vezes. E então agora tocaremos nesta sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009, já com a formação atual, que inclui o Raphael Pinheiro (que já está na banda há uns três natais) e o Jean Louis Franco, que foi o primeiro baterista da banca baiana Cascadura. Voltei a curtir tocar guitarra e investir em equipamento. Daqui a pouco encho o saco de novo, sei lá.

Como as nossas apresentações eram anuais, nunca tinha problema repetir as mesmas músicas, que já eram obrigatórias graças ao nosso pequeno fã-clube formado por nossas namoradas e amigos. Sempre pediam Pixies e insistiam em Raimundos, que até hoje a gente nunca ensaiou. Pediam também Blister in the sun, do Violent Femmes, mas essa encheu o saco de verdade. Agora sinto o peso da velhice de uma banda de tiozões, com músicas de bandas dos anos 70 como Lynyrd Skynyrd, Rolling Stones, T-Rex e Buzzcocks, mas também outras dos anos 80 como Joy Division, Talking Heads e The Cure.

Vejo meu irmão pra cima e pra baixo com sua guitarra agora. Vive tirando músicas, toca com os amigos e já pegou o gostinho pela coisa. Espero que ele vá mais além do que o irmão. Quando ele sentir o arrepio de um acorde terminando a música junto, ver a galera gritando bêbada e se divertindo lá em baixo, aí, maninho, já era. É um caminho sem volta.

2 comentários:

. disse...

Puxa... me deu até vontade de ver a banda tocar...

Avisa quando isso acontecer.

Beijocas!

Isoldinha disse...

E pensar que eu vi essa banda nascer...rsrs..Saudades do astral de vocês!