quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Os 10 melhores da década


A mania de deixar tudo para última hora ultrapassou todos os limites agora. Antes da meia-noite do dia 30 de dezembro de 2009 posto minha lista com os melhores da década e, lá no final, os melhores filmes de 2009.

Agora, na hora de traçar novas metas para 2010, prometi a mim mesmo não deixar de escrever com freqüência aqui. Tenho uns planos para 2010, mas depois eu falo deles, deixa o ano novo chegar.

Foi um ano bem doido, mas um bom ano. Tenho certeza que 2010 vai ser melhor. É o que espero para mim e para todos vocês.

Abaixo, minha querida lista com os melhores da década no meu gosto pessoal, claro. A ordem define minha preferência também. São 10 de cada. Vamos nessa:


Músicas internacionais:




- I am trying to break your heart – Wilco
- Ya no sie o que hacer conmigo – El Cuarteto de Nos
- Revolution - Cosmic Rough Riders
- Obstacle # 1 - Interpol
- All you do is talk - BRMC
- Hurt - Johnny Cash
- Directions – Josh Rouse
- Are You Gonna Be My Girl? – Jet
- Little Sister – Queens of The Stone Age
- Modern Age – Strokes


Bandas internacionais:
- Wilco
- Black Rebel Motorcycle Club
- Interpol
- Flaming Lips
- Queens of The Stone Age
- Strokes
- LCD Soundsystem
- Arctic Monkeys
- The Killers
- Bloc Party


Discos internacionais:







- Solomon Burke – Don´t give up on me
- Neil Young – Are you passionate?
- Wilco – Sky blue Sky
- Wilco – Yank foxtrot hotel
- Black Rebel Motorcycle Club – Baby 81
- The Slackers - An afternoon in dub
- Josh Rouse - Home
- Interpol – Turn on the bright lights
- Flaming Lips – Yoshimi battles the Pink Robots
- El Cuarteto de Nos – Raro



Melhores músicas nacionais:
- A linha que cerca o mar – Wado
- Já desmanchei minha relação – Nervoso e Os Calmantes
- O amor (zero sobrevivente) – Tom Bloch
- Lunático – Cachorro Grande
- Monstro – Suíte Super Luxo
- Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro – Wander Wildner
- Te encontra logo – Cidadão Instigado
- Veja bem, meu bem - Los Hermanos
- Afogou-se em sugestões – Bazar Pamplona
- A 300 Km por hora – Autoramas



Melhores músicas paraenses:
- Revel – Eletrola
- Felicidade Azul - Stereoscope
- Ludo – Suzana Flag
- Canção de bolso – Telesonic
- Planeta dos Macacos – Delinqüentes
- Fator Yoko – Turbo
- São Domingos do Surf – La Pupuña
- She’s a Queen – The Baudelaires
- Devorados – Madame Saatan
- Vale de São Fernando – Mestre Laurentino e Coletivo Rádio Cipó



Melhores filmes internacionais:







- Alta fidelidade (Stephen Frears)
- Superbad (Greg Mottola)
- E sua mãe também (Alfonso Cuarón)
- Contra a parede (Fatih Akin)
- A festa nunca termina (Michael Winterbottom)
- O agente da estação (Thomas McCarthy)
- Quase famosos (Cameron Crowe)
- Adeus Lênin (Wolfgang Becker)
- Encontros e desencontros (Sofia Copolla)
- O pianista (Roman Polanski)



Melhores filmes nacionais:





- Cidade de Deus (Fernando Meirelles)
- Durval Discos (Anna Muyalert)
- O homem que copiava (Jorge Furtado)
- O invasor (Beto Brant)
- O cheiro do ralo (Heitor Dhalia)
- Estômago (Marcos Jorge)
- O ano em que meus pais saíram de férias (Cao Hamburguer)
- O homem do ano (José Henrique Fonseca)
- Tropa de Elite (José Padilha)
- O Alto da Compadecida (Guel Arraes)



Melhores filmes de 2009:






- Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino)
- Se beber não case (Todd Phillips)
- O visitante (Thomas McCarthy)
- Brega S/A (Vladimir Cunha e Gustavo Godinho)
- Hotel atlântico (Suzana Amaral)
- As amantes (James Gray)
- El secreto del sus ojos (Juan José Campanella)
- Piratas do rock (Richard Curtis)
- Eu te amo cara (John Hamburg)
- O exterminador do futuro: A salvação (McG)


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Estou a caminho da terra prometida



 

Vou ser honesto, passou mais de uma semana do show mais importante que assisti em minha vida e tive o maior bloqueio de todos os tempos. Desde que voltei de viagem que tento escrever sobre como foi o show do AC/DC no Estádio Monumental, em Buenos Aires. Lembro da sensação de cansaço tentando pegar um taxi depois do show, mas sem mau humor, mesmo com 3 mil taxis funcionando na noite de domingo para atender as 50 mil que estavam só no Monumental. Ainda assim eu sorria.

Vou aproveitar aqui o começo do texto que eu venho tentando escrever: “Talvez eu nunca mais veja algo assim na minha vida, foi uma das coisas mais fantásticas que já vi”. É minha frase-automática quando me perguntam como foi o show do AC/DC, em Buenos Aires. Solto aos sete ventos meu deslumbramento sem vergonha com o show mais profissional e, ao mesmo tempo, mais moleque que pode existir nesse meio rock ‘n’ roll.

Apesar do comecinho de texto sem tesão, a palavra mais adequada para definir um recital do AC/DC é “moleque”. Não importa a mega-estrutura que o U2 carrega de um lado para o outro pela Europa na sua última turnê. Não importa o físico e o playback da Madonna lotando estádios. E pouco importa a comoção que a morte do Michael Jackson causou. No show bis o que menos importa é a música. Mas no rock, é a ela a quem se deve a espontaneidade que nos mela os olhos de lágrimas.

Ver um show do AC/DC é como acreditar em Deus – ou no diabo. Angus Young não pode ser humano. Aqueles urros de devoção da platéia em Thunderstruck não são fake. A alegria que pude ver nos olhos das pessoas – e que possivelmente se via nos meus – na hora em que a locomotiva invade o palco não era um simples deslumbre. Todo mundo sabia como era, mas ninguém imaginava que poderia ser melhor ainda do que qualquer expectativa boa.

Eu, Débora, Rafael e Doda assistimos às cinco primeiras músicas próximo a passarela em que Angus e Brian Johnson caminham, vez ou outra, para alegrar corações dos fãs mais afastados do palco e zelosos por sua saúde. “Lá vem eles, olha lá”, disse o Doda apontando para a direção de Brian Johnson e Angus Young, que pudemos ver pessoalmente, sem a ajuda dos (incríveis) telões de led. Foi o que nos fez subir para a arquibancada e ver o show todo lá de cima, tranqüilos, vendo toda a movimentação do palco e pulando com a seqüência de hits com os riffs de guitarra mais saborosos do rock. Angus, o autor, é um velho safado, que corre sem cansar, faz o striptease sacana, mostra a bunda pra platéia, se joga no chão e presenteia os fãs com mais de 15 minutos de solo no final do show.

Bono quer salvar o mundo. Robbie Williams é apenas um estagiário. Madonna não quer perder o reinado. Michael Jackson já era. E o AC/DC é a pura molecagem que criou o rock ‘n’ roll, com fogos, truques, efeitos visuais, animações no telão e um ode às piadas com o inferno.

Mamãe, não me deixe crescer. Sei que vi o melhor show de toda a minha vida. Meus olhos encheram de lágrimas, senti os pêlos em pé e aquele arrepio incrível que sente um garoto quando vê a mulher dos seus sonhos sorrindo para ele. Se existe Deus, ele deve ser o grande manager do AC/DC.


 
Débora e eu




Doda, Rafael y yo



quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Tu me estas dando mala vida




Minha implicância com Manu Chao nunca foi com sua música, mas com os fãs hippongas que vibram quando toca a porra de Clandestino – lá vou eu perder meus seguidores que gostam dessa música. Fã da banda Mano Negra, orgulhosamente apresentada pelo Randy nos anos 90, sempre fiquei com um pé atrás de comprar algum disco e tentar entrar na onda de Manu Chao solo. Até o dia 1° de dezembro de 2009.


Na chegada em Buenos Aires, segunda à noite, Rafael me disse, despretensiosamente, que teria um show do Manu Chao na terça, pela bagatela de 50 pesos (25 reais). Ué, porque não? Afinal de contas, bons comentários sobre o último disco, Radio Bemba, pululam na boca dos grandes entendedores de música e, principalmente, fãs de Mano Negra.


Na esperança de que os argentinos respeitassem horários, chegamos ainda claro em frente ao Estádio Malvinas, um ginásio coberto com capacidade para 10 mil pessoas. A espera do lado de fora na chuva nos fez ver a organização com um imenso desrespeito ao público. Se era um estádio coberto, porque não deixar o público entrar mesmo com a passagem de som rolando?


Enfim, entramos. Uma pequena movimentação no palco e um barbudo porteño solta uma base de dub e começa e rimar. Gostei. Até sei o nome, mas tô com preguiça de procurar no jornal. Depois, achando que já seria o franco-castellano, nada, entra mais uma banda de abertura. Desta vez sim, uma surpresa, o sexteto Onda Vaga. Nada de rock, ska ou coisa parecida. Minha primeira implicância, antes de tocarem, veio com o visual dos caras. Bonitinhos, de regata com instrumentos como tuba, percussão, trompete, violões e trombone, achei se tratar de um novo Beirut. Mas não, com quatro deles cantando ao mesmo tempo, o grupo parece mais um Móveis Coloniais de Acaju desplugado e ligadão nas raízes da música argentina. Som para as meninas dançaram e os rapazes baterem o pé com as mãos no bolso. Comprei o CD por 10 reais.


E então começa a movimentação para o grande show da noite. No lugar que pegamos, a 50 metros do palco, a moçada já começava a passar sem pedir licença. Vi que ia dar merda e temi pelo meu ombro. E então, na vinheta de abertura começou a cagada. Entra um baterista e um percussionista apavorando e o guitarrista sai correndo de um lado pro outro no palco, num momento deslumbrado, fazendo algumas pessoas acreditarem que era o Manu Chao – já que a cara dele mesmo é de um cabôco qualquer e nunca dá para vê-lo sem chapéu.


Rodas de polgo se formando por todos os lados. Menina desesperada porque perdeu o celular. Eu segurava meu ombro como se carrega um bebê recém-nascido. Ainda tentei dar uns pulos na primeira música, mas a pancadaria ficou tão violenta que fui nadando pela multidão para achar um porto seguro na lateral do estádio. De lá pude apreciar e constatar que Manu Chao é exatamente o que as pessoas dizem. É um ídolo com um carisma fora de série e que não poupa o público de uma apresentação longa – mesmo aquele sendo o terceiro show dele na seqüência e arranjado de última hora.


Diferente de qualquer coisa que eu imaginava, Manu Chao e sua banda não paravam de fazer a galera se debater e vibrar com seu show. Depois de mais de uma hora de show foi a vez da parte chata, com o hit Clandestino, que arrastou junto uma série de músicas no mesmo estilo. Sufocados com o calor, fomos para fora tomar um ar e percebemos que Deus havia ligado o ar-condicionado. Foi dali para o taxi, que nos deixou em San Telmo para uma jarra de cerveja (a terrível Schneider) com chivitos e napolitanos para matar a fome.


No dia seguinte li no Clarín que o show levou 6 mil pessoas e que durou seis horas! Não sei se o repórter estava se referindo à noite toda, com os shows de abertura, mas mesmo que tivesse, Manu Chao deve ter feito, pelo menos, 4 horas de show. E para uma terceira apresentação que não estava programada, foi mais do que um presente para os fãs.


Na saída do estádio, maguinhas que não tiveram dinheiro para entrar requebravam com o molejo latino daquela parte do show. E foi o que me fez lembrar da resistência com o mano. Mas tudo bem, isso agora é passado.