sábado, 10 de abril de 2010

O paraíso perdido dos CDs desaparecidos



Perdi uns discos. Não achei na minha prateleira junto às outras pilhas de CDs que estão arrumadas na horizontal, em ordem de estilo. Procurei primeiro entre os discos de folk, depois fui para projetos paralelos e remanescentes. Procurei na nova pilha de “CDs que sempre devem estar a mão”. Nada, perdi mesmo. Demorei a dar conta da perda, e talvez tenha sido isso que mais me incomodou. Enquanto procurava o CD pensava o quanto a facilidade de um click torna algumas coisas sem graça. Os 80 gigabytes de música que tenho no computador a facilidade de achar qualquer coisa em menos de cinco segundos. Só que é nessas horas de conforto que tento refletir sobre a vida digital para tornar minha vida mais física e analógica. 

[Estariam os CDs indo para o mesmo universo paralelo das cabetas Bic, palhetas de guitarra e tampas de pen-drive?]

Os discos em questão eram os dois primeiros álbuns da banda inglesa Mojave 3, projeto que resultou do fim da banda shoegazer Slowdive, que saiu de um rock underground sombrio dos anos 90 para um folk com vozes sussurrantes, letras bonitas e clima nostálgico. Uma banda que deixou a parafernália de efeitos que enchiam seu som no Slowdive e passou a utilizar violões, vozes limpas, bateria acústica e recursos que os deixaram com uma cara mais humana, limpa e de algo que não se esconde atrás da tecnologia e modernidade.

Olhei quatro vezes a prateleira até me dar conta de que, definitivamente, devo ter emprestado para alguém que não fez questão de devolver. Isso é outro fator da era digital que atrapalha os planos de quem um dia cultivou com carinho uma coleção de livros, CDs e filmes. Gente que, como diz meu amigo Lobinho Carlos, acha uma “otarice” devolver esse tipo de coisa. A única coisa que lembro de não ter devolvido foi um vinil duplo do Ozzy Osbourne que me primo me emprestou em 1990. Na época, eu lembro de ter dado de ombros e saber que ainda não era aquilo que queria ouvir no momento, por isso não devolvi e fui escutar alguns anos mais tarde. Meu primo com certeza nunca se importou comigo e jamais pediu o disco de volta. Isso diminui minha culpa.

Perder CDs, livros e DVDs hoje em dia é algo que vai ficar cada vez mais comum. Mais fácil arquivar suas coisas num HD externo ou numa daquelas pilhas de mídias em tubo – que chegam, virgens e saem cheias de arquivos sem importância - do que venerar sua coleção de seja lá o que for.

Céus! O que será do charme da casa das pessoas que gastaram uma fortuna em conhecimento e cultura?

Ask me tomorrow e Excuses for travellers. Pra quem eu emprestei, heim?

3 comentários:

Martina disse...

foi por isso que tu não entregaste o Tanto Faz pro Felipe trazer pra mim?
abs, flw?

Iana disse...

Se tu achar os CDs, vê se a tampa do meu pen drive ficou por lá? ela é branca com uma sujeirinha de esmalte vermelho.

Acácio disse...

Eu juro que queria devolver o cd do z1bi do mato, mas meio que não queria...