segunda-feira, 11 de agosto de 2008

I'll be your mirror


Tenho um irmão de 13 anos, um grande garoto. Ele me escuta e vê em mim um espelho que pode se tornar seu maior reflexo nos próximos anos. Então eu capricho. Não tem jeito, ele acompanha situações ambivalentes como o sucesso e o fracasso. Mas é na hora do fracasso que me sinto na missão irrefutável de um herói em expor suas feridas e dar o papo: tu ainda vais passar por isso, bróder.

Também tive minhas referências, meu tio Ricardo e meu primo Fábio. Eles eram os caras mais velhos que me alertavam e acentuavam as situações do mundo adulto que, um dia, eu teria de encarar. Daí fui acompanhando, através deles, relacionamentos com namoradas, brigas, farras com os amigos, bebedeiras, carros e todas as coisas que um guri de 13 anos anseia pelo dia de experimentar. E fui tornando um martírio a fase adolescente de bater bronha, lutar contra os acnes e superar os foras constantemente levados por mulheres que sempre estavam distantes do meu nível. Bem, na verdade a parte da punheta nem foi tão dolorosa assim. Mas enfim, tudo isso eram coisas que alimentava a minha idéia de um dia ter sucesso. Esse dia ainda não chegou, mas me acostumei com a mediocridade de uma maneira brilhantemente assustadora. Quando vi estava ficando com mulheres gatas e interessantes. Não, confesso, nem sempre tão gatas. Mas não importa, aí entra meu espírito de Bukowski de amar uma mulher pela importância que ela tem naquele momento. Mulher bonita não atrasa a vida de ninguém, mas as interessantes dão um impulso fora de série.

Pois então, o meu irmão. O moleque cresceu me ouvindo reinar na prateleira de CD e falando coisas como “se um dia tu não gostar de Ramones, te interna!”. E então criei meu subproduto, alguém que gostaria de ter sido aos 13: toca guitarra, é fascinado por comédias inteligentes e acha Pete Townsed e Angus Young dois gênios mais brilhantes que Einstein e Santos Dummont. Opa, e o mais importante: já se dá bem na escola com as gatinhas. Ele é a nova geração, meus próximos dias de orgulho e esperança na raça humana.

Além do caráter impecável herdado por meus bons pais, o molequinho sabe discernir os dilemas de uma vida adulta com as babaquices de um trintão que ainda passeia pela adolescência sem muito problema. Não sei se torno a raça humana melhor, mas também não ofendo. Mas as próximas gerações - bem instruídas pelos melhores discos, filmes, livros e dicas de uma separação amorosa - podem dar um jeito de tornar o mundo um lugar melhor.

3 comentários:

Fabíola Batista disse...

Muito bom o texto e o exercício de uma das funções sociais, meio na transversalidade (é teu irmão, e não um filho rs), mas tá valendo! bj Fabíola

Circo Golondrina disse...

Irmao mais novo é um fraco na vida dos mais velhos. Com o meu, sempre fico na impressao de que aprendo mais do que ensino. Ser filho único deve ser triste.

Unknown disse...

rapá, querem matar a SINCERIDADE como estilo, mas pra mim ela não sai de moda. foda.