Quando escrevi sobre Belém no post anterior foi pensando somente nas últimas experiências que vivi, nas conversas que tive e no brilho de orgulho que flagrei no olhar de quem volta para Belém para passar uns dias.
Como é um assunto muito comum não só entre a minha geração como em todas as outras que sentem essa cuíra, acho um tópico merecedor de uma seqüência.
O Gustavo Godinho acrescentou um ponto muito importante sobre essa passividade toda da nossa geração, e que vai permitir que as coisas ainda fiquem como estão por um bom tempo.
São em momentos como esse que desatamos o nó na garganta e conseguimos colocar para fora. Abaixo, as palavras do Godinho:
“Eu acho que faltou no teu texto um assunto fundamental: a gente tá abandonando a cidade de uma forma mais ampla quando vamos embora. É uma geração sem qualquer engajamento com o desenvolvimento desse lugar. Damos uma banana pra Belém a lá Reginaldo Faria quando o avião decola em direção a São Paulo. deixamos pra trás o nosso povo (pais, mães, irmãos pequenos, nossos futuros filhos e os filhos dos nossos amigos que não poderão viver fora) na mão de um monte de parasitas que se elegerão vereadores, deputados, e sangrarão o estado até não poder mais pra sustentar uns luxos mesquinhos. Quando ficamos em Belém, fazemos o papel de "indignados do twitter" - vai saber se pro bem da cidade ou pra compor um bom case de nós mesmos. Se nós somos a elite criativa, intelectual, seja lá o que for, então tá explicado a cidade ser do jeito que faz a gente renegá-la. Somos uma geração passiva e vamos assistir os playboys que sempre achamos idiotas dominarem a nossa cidade como dominavam o pátio do colégio quando éramos moleques. A diferença é que agora não adianta ir buscar conforto espiritual na música pop e nem ficar pelos cantos dando risos irônicos. A gente tá ficando velho.”