domingo, 30 de agosto de 2009

Refúgio da reflexão




Minha idéia não era embalar tanto essa história do desaparecimento Belchior. Mas ontem, 30.08, o jornal uruguaio El País afirmou que Belchior está isolado em uma cabana na cidade San Gregorio de Polanco, no Uruguai. Segundo a notícia, o músico foi localizado pela reportagem do jornal, mas não quis falar de assuntos pessoais. A mulher do compositor disse que seu isolamento tem o único motivo de parir um novo projeto.


A notícia me fez lembrar do motivo principal para a criação deste blog. Em abril de 2008, sobrecarregado e de saco cheio de trabalhar cinco anos como jornalista de redação, dei um pé na bunda dos compromissos e me mandei para lá. Meu projeto era exatamente o mesmo, me isolar e escrever um projeto que estava há quatro anos arquivado nos meus pensamentos. Lembro que numa conversa com alguém lá em Montevidéu, ouvi algo como “ah, legal, muita gente faz isso, vem para cá ou para escrever ou compor músicas”. Eu só sabia que a Shakira se meteu a fazer isso, mas depois li algumas coisas mais profundas, que Albert Camus fez o mesmo e o compositor uruguaio Jorge Drexler também já havia se refugiado no interior de seu país para compor.


Sempre me perguntavam por que o Uruguai. Eu nunca soube responder, mas quando fui por lá em 2006, passei três dias e me apaixonei pelo lugar, sabia que era lá que eu iria querer me isolar um dia. Hoje, escolhi o Uruguai como minha segunda casa. Já falei pra caralho de lá e vou parar por aqui (os posts antigos estão todos arquivados aí do lado). Não tem como a inspiração não bater. Ela chega com as cargas redobradas até para se falar de outra realidade, como o sertão brasileiro, a Colômbia ou uma França de nariz em pé. É um lugar para a reflexão, sentar a cabeça e colocar as idéias em ordem. Fico curioso pelo novo disco do Belca.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Esse ano eu não morro



"Amar e mudar as coisas me interessa mais"


Pra quem tinha medo de avião, ele até foi longe demais. Porra, tava evitando começar esse texto assim. O Bob, aqui do lado, até riu e pensou em outros trocadilhos com outras músicas dele, mas não deu pra esperar porque tenho um monte de trabalho a fazer agora. O bigodudo que virou o principal assunto da semana é um cara que eu realmente gosto. O disco Alucinação é um dos álbuns mais importantes de uma MPB quase-maldita, um “blues do sertão”, como bem define meu amigo Elvis Rocha.

Meu disco
Alucinação, do Belchior, sumiu misteriosamente da minha prateleira, igual ao compositor. Tá vendo? Era pra começar o texto assim. Agora já foi, e como ele mesmo dizia: “o passado é uma roupa que já não serve mais”.

E aí o Belca desaparece e todo mundo só se toca disso quase três anos depois. Era MPB maldita? Fã-clube em recesso? Sem novos hits na rádio? Nem família, amigos ou outros artistas tinham notícias dele. O cearense doidão deixou dois carros abandonados, um ateliê com algumas obras borradas, filhos criados e um empresário doido pra ganhar o dele nos shows que ele tinha que declinar. Imagino contratante ligando:

- E ai, meu? Queria fazer um show com o Belchior aqui em Mossoró* dia 14.
- Sabe o que é, mestre, é que o Belchior sumiu.
- Como assim sumiu?
- É, ele... bom, ninguém sabe dele há três anos.
- Três anos?
- Mais ou menos...
- Ah, ok. Tá bom, vou chamar o Zé Ramalho, tchau!


Queria ser o biógrafo do Belchior. Que história fantástica rondando a vida (ou morte) dele. Um desaparecimento súbito, sem pistas, só abandono. Gosto desse enredo quando ele termina em um disco fantástico, o que sinceramente acredito que seja essa a idéia. Discordo de quem acha que ele só queria voltar à mídia com esse sumiço. Na verdade, é quase a mesma coisa de falar que suicida quer morrer só para chamar a atenção e não por um motivo de desespero grande, que nada possa curar.

Escuto a música
Alucinação e sempre imagino o autor na hora da composição: Uma garrafa de pinga consumida em mais da metade, um apartamento pequeno e barato no centro de São Paulo (cidade paixão de Belchior), um caderno, uma caneta, um violão e o olhar perdido pela janela buscando palavras para colocar sentido naquilo tudo. Gosto de pensar que Alucinação todo foi escrito assim e algumas vezes também acho que o disco o salvou de um suicídio.

E se esse sumiço vai gerar outro disco fodaço, não sei, mas espero que ele também tenha a função de salvar algumas vidas.



* Desculpa pela cidade-piada roubada, Ressaca Moral.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Tão perto de chegar em nenhum lugar


Sabe uma cantora que eu odeio? A Zélia Duncan. Eu odeio muita gente e evito ao máximo falar dos artistas “menores”, mais desconhecidos. Mas com a Zélia não pega nada, nunca vamos nos cruzar por aí e ela não vai me olhar com aquela cara de “seu filha da puta, só consegue falar que não gosta da minha música pelas costas, né?”. Mesmo que fosse, eu responderia: “qual o problema? Melhor do que estragar um ovo na tua cara durante um show”. Zélia Duncan não vale um ovo.


Eu a vi uma única vez ao vivo, quando ela fazia parte dos Mutantes, que se apresentaram num festival que fui. Show muito bom, mas ela não teve nada a ver com isso. Colocá-la na banda foi um daqueles flashbacks de LSD que batem mil anos depois, e bateu na cabeça do Sergio Dias quando ele resolveu ressuscitar a banda.


Mas como gostar de uma cantora que tem nome de ministra, zero de carisma, cara de bancária e voz de professora de história? Nunca acreditei em nenhuma letra que ela interpretou - seja dela ou dos outros. Zélia Duncan é o exemplo clássico da pessoa errada no lugar certo. Do sopro de sorte do destino. Sua única transgressão no meio artístico é curtir mulher. Além disso, ela tem tudo o que abomino numa pessoa: é formada em teatro e começou a carreira com o Oswaldo Montenegro. Meu Deus, que mulher errada!


Todo esse ódio veio de uma das raras noites de sexta em que resolvo ficar em casa e ligar a TV para ver qual é a do Jô. E lá estava ela, interpretando uma música de amor que não convence nem quem não prestou atenção.


Mas agora não tem mais jeito. Já deram trela pra ela, já a colocaram nos Mutantes, ela já foi no Jô Soares e lançou um monte de CD. E ainda deve ter um monte de funcionária de repartição comprando essa porra pra dar de amigo-invisível, ou de aniversário, para aquela amiga que cantarola tudo que é MPB quando estão no barzinho de voz e violão ao vivo.



Fala a verdade, alguém come a Zélia?

sábado, 15 de agosto de 2009

Onde foi que eu deixei as chaves?


Tanto tempo se passou e muita coisa aconteceu. Na boa, não sei mais o que dizer sobre as ausências extremamente espaçadas das atualizações deste maldito blog. Quando o trabalho aperta não tem como parar um pouco só para dar satisfação aos poucos que visitam esta joça regularmente.

Se não tem nada a dizer, melhor ficar calado. Mas se tem muita coisa a dizer e não tem tempo, melhor deixar pra depois. Por isso, listarei agora um breve retrospecto do que merece ser compartilhado neste “barrigavel” espaço:

1 - Quando morava em Santos, no começo dos anos 2000, eu e meus amigos costumávamos bebericar intensamente Brahmas geladas até altas horas da madrugada no bar Presidente, um agradável e sem critérios boteco de calçada da avenida Conselheiro Nébias. Naquelas mesas os assuntos não eram muito diferentes dos de hoje em dia – muda a praça mas o enredo é sempre o mesmo.

Eu, Fabeca, Aldo, Leleco, Cacito Jones, Adilson, Danilo, Morango e convidados ocasionais éramos sempre muito bem atendidos por Arnoldo, um simpático nordestino que sempre nos atendeu de bom humor e levava a última cerveja sempre gelada e sem reclamar. A tradição já durava anos e eu agreguei aquele grupo depois de, pelo menos, cinco anos de “reunião no presida”.

E então eis que o Twiiter me avisa através de um post do amigo Fábio Martins: Arnaldo ganhou 36 milhões de reais na Megasena! Os atuais clientes vão ter que esperar, pois Arnoldo é o mais novo milionário brasileiro e aquela cerveja gelada vai ficar para uma próxima vez. Segundo Fabeca, Arnoldo comemorou correndo de cueca pela movimentada Conselheiro Nébias.

Moral da história? Deus ajuda a quem fica até de madruga servindo cerveja gelada aos comparsas.


Parabéns, meu amigo Arnoldo - que até onde eu lembro era a cara do Tatu, da Ilha da Fantasia.


2 – A simpatia dos Móveis Coloniais de Acaju é algo que recompensa qualquer trabalheira de produtor. Além da simpatia com o público, o show é algo muito rock ‘n’ roll e contagiante, com direito ao trombonista Xande Bursztyn tocando nos braços da platéia. Foi foda!

E aqui está o outro motivo do afastamento: o envolvimento grande com essa produção que nos deixou muito satisfeitos com as bandas que se consagraram para o público e jurados, pela competência da nossa equipe (em especial Renée Chalu e Lany Cavalero) e pelo profissionalismo do evento. Se preparem, mesmo em ano de crise econômica, o 4° Festival Se Rasgum será matador esse ano, talvez o melhor das quatro edições.

3 – Não posso negar, o outro motivo que me afastou disso aqui foi o Pátio Belém Fashion Days, evento de modo que realizou sua oitava edição este ano. A agência onde trabalho, CA No Media, presta assessoria de imprensa para o Shopping e foi preciso contar com o trabalho de todos os seus funcionários bacharéis em Comunicação Social. Pois é, este que vos escreve esteve lá pelo Hangar Centro de Convenções observando de longe a paparicada aos artistas globais convidados pelo evento, os colunistas em sua função bajuladora se matando para pegar uma palavrinha genérica de caras que eu, em minha orgulhosa ignorância “global”, desconheço. O que foi bem legal no evento foi a Cerpinha calculadamente gelada e distribuída com simpatia por seus promotores.

4 - E depois de nove anos carregando um problema de saúde que me faz sentir o mais inseguro dos mortais, finalmente serei submetido a uma cirurgia para corrigir uma bronca no braço esquerdo, que dependendo da situação de mau jeito, se desloca do ombro e me faz querer morrer de tanta dor. Tive que fazer uma série de exames do tipo eletrocardiograma, raio-x, ressonância magnética etc., para poder ser operado.

Tô sentindo que as coisas estão se encaminhando melhor na minha vida, falta só o meu livro sair do HD.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Lançamento do 4º Festival Se Rasgum



Móveis Coloniais de Acaju se apresenta no lançamento do 4º Festival Se Rasgum, dia 8 de agosto, no Hotel Gold Mar. Os ingressos já estão à venda.


Responsável por dos melhores shows da edição de 2007 do Festival Se Rasgum, o Móveis Coloniais de Acaju, diretamente de Brasília, retorna a Belém para o lançamento da quarta edição do Festival Se Rasgum, que foi adiado para novembro. A festa de lançamento será no dia 8 de agosto, no Hotel Gold Mar, que terá também a apresentação de oito bandas finalistas das Seletivas Se Rasgum.


Nos dias 29 de julho e 5 de agosto, no entanto, a Se Rasgum realiza as seletivas para o festival, que contará com 24 bandas – 12 em cada dia - disputando essas oito vagas para tocar na festa de lançamento abrindo para os Móveis Coloniais de Acaju. As seletivas também serão disputadas em duas grandes festas no Hotel Gold Mar (antigo Hotel Paramazônia).


Móveis Coloniais de Acaju – Depois de rodar o Brasil inteiro e deixar registrada a diversão que seus shows promovem, o Móveis Coloniais de Acaju é uma das bandas mais aclamadas da nova música pop brasileira. Lançando o segundo disco, produzido por Carlos Eduardo Miranda e lançado pela Trama Virtual, Complete, a banda traz um novo show e apresentará músicas do primeiro CD que os consagrou, Idem.


Quem viu a apresentação da banda em 2007 no Festival Se Rasgum sabe o que esperar, um show inesquecível com 11 integrantes em cima do palco fazendo uma salada musical que mistura ska, música brasileira e ritmos do leste europeu.


Os ingressos para o show de lançamento do Festival com os Móveis Coloniais de Acaju já estão à venda nas lojas Colcci (Shopping Pátio Belém, Castanheira e Braz de Aguiar) e Ná Figueredo (Gentil Bittencourt e Estação das Docas). O valor do ingresso antecipado é R$ 15,00.


Novembro – O 4º Festival Se Rasgum mudou de data. Agora, o evento mais importante de música independente do Norte será de 13 a 15 de novembro, no African Bar, que contará com atrações nacionais, internacionais e o melhor da nova safra da música paraense. A organização do festival adiou o evento devido a questões relacionadas a captação e dos seus principais headliners. Sendo realizado no mês de setembro desde 2006, com sua primeira edição, o Festival Se Rasgum muda de mês pela primeira vez com o objetivo de fazer do 4º Festival Se Rasgum um evento melhor ainda, sempre contando com os principais nomes da nova cena e apostando na diversidade de estilos.



SERVIÇO

Lançamento do 4º Festival Se Rasgum.

Shows: Móveis Coloniais de Acaju (DF), mais oito bandas locais.

Dia 8 de agosto, a partir das 21h.

Local: Hotel Gold Mar (antigo Hotel Paramazônia, rua Professor Nelson Ribeiro, 132. Paralela à avenida Pedro Álvares Cabral, próximo a Fundação Curro Velho).

Ingressos: R$ 15,00. À venda nas lojas Colcci (Shopping Pátio Belém, Castanheira e Braz de Aguiar) e Lojas Ná Figueredo (Gentil Bittencourt, 449, e Estação das Docas).


sábado, 1 de agosto de 2009

Taí um cara que eu admiro*

Não dá, preciso desabafar uma coisa: Johnny Depp é um gato. Isso mesmo, um cara bonito, charmosão e estiloso. Falei mesmo e o mundo precisa ouvir. Não dava pra começar a falar do filme Inimigos públicos sem declarar isso. Ontem fui com minha namorada assistir a mais um puta filme do Michael Mann, o mesmo diretor de Colateral, Ali e O informante.

O mais incrível nos filmes do Michael Mann é que a impressão que se tem é que ele não gasta uma fortuna à toa em seus filmes. Todos são sucesso de bilheteria – ah, é dele também o aclamado Miami Vice novo – e são duas horas de puro entretenimento. Quer dizer, acho O informante um puta filme, muito mais do que mero entretenimento.

Mas o fato é que você não coloca 80 milhões de dólares nas mãos de qualquer um. Mann ambientou uma ótima trama gangster nos anos 30, cheia de reviravoltas e rajadas de bala ensurdecedoras. O elenco foi feito de escolhas certeiras, como Marion Cotillard (a bela Piaf), Christian Bale (que sempre paga de herói) e Johnny Depp, a estrela máxima de Inimigos públicos.

Sei que a uma altura dessas, tem amigos meus machões que devem estar saltando um “dá logo pra ele”. É esse o perfil do meu núcleo de amigos. Mas não se trata disso. Sou macho, bastante macho. E é essa segurança toda que me faz dizer com tranqüilidade que acho tal homem bonito.


Al Capone, te orienta!


Exagerei no Depp ali em cima, né? Mas é que quando assistia ao filme eu e a Débora comentávamos que ele poderia muito bem ser um pescador do Marajó, mas o que faz dele um cara bonito é o estilo, a presença. Parece que ele mesmo escolhe seu figurino, seja em filme do século XVII, dos anos 1930 ou de um hightech modernete.


Vou falar uma coisa que pode soar polêmica: ele só se perde nos filmes do Tim Burton. Na moral, as únicas coisas boas que a dupla realizou foi Edward mãos de tesoura e Ed Wood. O resto é uma bosta! Deus me livre desse Alice in Wonderland que vem por aí.

Então se é para ver um Johnny Depp anti-herói escrotão, ousado e gentleman procure Inimigos públicos num cinema mais perto de você e deixe de dilemas bobos sobre sua virilidade. Seja macho e concorde comigo, o cara é foda!


*Titulo em homenagem ao meu grande amigo cameram e produtor Adnaldo Silva.