sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Música magneta e multiplicada


DJ Maluquinho no III Festival Se Rasgum hipnotizando multidões


“Tem que lançar logo ‘Eloa’ antes que a mídia venha com outro assunto”. Dormi com essa frase do Marquinhos, o DJ Maluquinho, proferida na mesa de bar que dividíamos com o DJ Dolores, Vlad e Godinho, que andam em vias de finalizar as gravações do documentário Brega S/A. Para mim, não existe conversa mais interessante do que discutir música pop ou periférica, ainda mais com quem a faz de maneiras completamente opostas, como Dolores e Maluquinho.


Enquanto Dolores captava o universo empresarial e criativo que Marquinhos despejava com propriedade na mesa, cagávamos de rir da próxima ousadia (que pra eles nem é tanta) de Maluquinho falando sobre o “Caso Eloa” e a música que fez em homenagem a ela. Sandra, mulher e dançarina de Marquinhos, complementava na cumplicidade em ar de veneração: “Ta muito bonita a música”. Ele disse que já tinha uma música chamada Nayara e achou de bom tom homenagear a grande vítima de um dos crimes passionais mais chocantes dos últimos anos no Brasil. Homenagem, oportunismo ou simplesmente falar a coisa certa na hora certa para o povão?


O universo technobrega e o funcionamento do seu mercado é algo que me seduz pela auto-suficiência e pelo tino empresarial. Marquinhos o faz com tanta maestria que deixa todo mundo na mesa parecendo aluno interessado numa aula bacana. Nós, meros expectadores. Marquinhos, um cara inteligente que corre atrás do que é seu e defende incrivelmente bem. Dolores é o talentoso, criativo e antenado com o que está acontecendo na música brasileira.


Música Magneta - Hélder Aragão, o DJ Dolores, veio a Belém para ensaiar com Mestre Vieira, Pio Lobato, Guilherme e Vovô (os três último da saudosa Cravo Carbono) o projeto Música Magneta, e trouxe na bagagem o músico Yuri Queiroga, para incrementar as apresentações com sintetizadores e moogs modernosos, além de uma forcinha na terceira guitarra. Para essa apresentação, Dolores pediu que o show fosse testado com o público e Marcel Arede, produtor eficiente e articulado – e cover do Salsinha, armou o show no Teatro Waldemar Henrique, que reuniu cerca de 50 felizardos que puderam conferir o show que terá uma hora de apresentação na Marina da Glória, neste final de semana, no Tim Festival.


Dolores empresta batidas de reggaeton, música balcânica, africana e o diabo a quatro para os arranjos de guitarrada feitos por Pio e Vieira. A versão de Das model, do Kraftwerk, que já recebeu uma versão de technobrega em português, foi, para mim, o brilho da apresentação. É para aquele momento em que todos já estão balançando no swing da guitarrada e, de repente, toca o clássico do grupo alemão. Aquela história de que o que era bom ficou melhor ainda.


O irmãozinho Jorge Palmquist tava do meu lado vendo o show e falou: “Isso aí ta pronto para ir e não voltar mais pra cá”. Ele estava certo, mas infelizmente nem todo gênio tem a manha de ser um bom produtor e saber se vender. É o que nos falta para ser a nova Recife ou receber a mesma atenção que Porto Alegre no começo dos anos 2000.


Na noite de quinta-feira, 23 de outubro de 2008, dois cabras danados sentaram na mesma mesa que curiosos ouviam atento suas observações sobre o mercado fonográfico, suas fugas e alternativas. Ali havia genialidade compartilhada com iniciativa. E, de repente, são destes acasos que saem novos sopros de esperança para a música brasileira de periferia.


quinta-feira, 16 de outubro de 2008

DJ Dolores na Dançum Se Rasgum


Um dos maiores DJs do Brasil se apresenta dia 17, sexta-feira, no Café com Arte com os DJs Se Rasgum e Vinicius Cohen

Um passeio pela world music nas mãos de um dos DJs mais criativos do Brasil. Nesta sexta-feira, 17, DJ Dolores se apresenta junto com a Dançum Se Rasgum Produciones, no Café com Arte. A festa ainda terá os DJs da Se Rasgum (Marcel, Damaso, Gustavo e Konsiderado) e o Live PA de Vinicius Cohen. E para não deixar de presentear a rapaziada com promoções de arder o fígado, teremos mais uma vez as quatro long necks por 10 dinheiros a noite toda.

DJ Dolores - Surgido do meio do alvoroço do Mangue Beat, Hélder Aragão ficou conhecido mundialmente como DJ Dolores, consagrado por suas fusões de música eletrônica com ritmos regionais (como no CD Aparelhagem) e sets que circulam freqüentemente pela Europa. Sergipano criado em Pernambuco, Dolores começou sua carreira como designer criando a programação visual do movimento Mangue Beat, junto a Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A. Na mesma época, começou a atuar como DJ e a fazer trilhas para espetáculos de teatro e dança. DJ Dolores já se apresentou em diversos festas de música mundo afora e dividiu o palco com artistas como Bjork, Moby, Chemical Brothers e Elvis Costello.

Para completar o clima de festança, o bar do Café com Arte venderá quatro long necks por 10 dinheiros a noite toda. A festa terá todos os ambientes do Café com Arte funcionando, com DJs no porão, galeria e na pista principal. Seis DJs e todos os estilos musicais possíveis ecoando pelos quatro cantos do Café dom Arte.

SERVIÇO
DJ Dolores na Se Rasgum. Sexta, 17, no Café com Arte (travessa Rui Barbosa, 1437). A festa ainda terá os DJs Se Rasgum, Vinicius Cohen Live PA e promoção de quatro long necks por 10 reais. Ingressos: 10 dinheiros até 23h30, depois são 15 dinheiros.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Pelas ruas de Nossa Senhora

Esperança, alegria e céu azul


"Vamos tentar acabar com a tentação de se destruir o amor, a família e a esperança". Ao invés de louvores devotos a Nossa Senhora de Nazaré, a rádio cipó da Praça do Relógio sentenciava essas soluções para os dias atuais. Estava andando sozinho pelo centro da cidade na tarde de sábado quando me deparei com esses votos honestos de dias melhores. Era o espírito do Círio que já me abraçava e me fazia absolver aquilo da maneira mais humana e direta que podia.


Pra ver a Santa passar trazendo votos de amor



Sai andando pela travessa João Alfredo em direção ao Boteco das Onze Janelas, onde o casal de amigos Priscilla Brasil e Diogo Soares me esperavam. Círio é época de deixar o carro em casa e sentir a cidade. Priscilla me disse algo que instigou a observação mais atenta ao Círio: “Gosto de sentir o Círio para ter idéias”. Não existe época mais fértil para idéias de quem busca um trabalho autoral em Belém.


A chegada na Sé, por volta das 17h30, me emocionou. Tudo montado para receber a Santa no final da trasladação. A praça linda, sem carros. As pessoas andando de um lado pro outro num ritmo tranqüilo e harmônico. “Olhaê, é cinco real pra acabar!”. Catei cincão da carteira e comprei minha primeira camiseta do Círio de Nazaré em 30 anos (sim, já tive outras que ganhei, mas essa foi comprada). A camisa tinha um tom amarelo de sol irradiante e trazia a silk-screen de Nossa Senhora de Nazaré e algumas frases falando de tradição e fé.


Mais tarde, já acompanhados do Randy, saímos no contra-fluxo pelo Ver-o-Peso em direção à vinda da imagem. No Ver-o-Peso, uma casa de doces aberta. Pais comprando doces para suas crianças que corriam livres por ali, onde normalmente correm trabalhadores com peixes em cima dos ombros. O cartão-postal da cidade recebe um ar mais belo ainda nessa época e, andando na contra-mão pelo meio da rua, se vê aquela região de uma maneira diferente, reconhecendo cada detalhe que soma ainda mais meu encanto por Belém.


A pureza da inocência na chuva de papel picado

Na frente do edifício Manoel Pinto, paramos para esperá-la passar. Passou. Linda e comovente para todos, religiosos e agnósticos. Mesmo com a garganta se recuperando de uma virose violenta, as pernas não me cansaram e caminhei até minha casa, no Umarizal, sentindo pelas ruas a febre de renovação humana que vejo no Círio de Nazaré. Não corro atrás da fé e gosto de pensar que não sou o único, mas outras pessoas que também clamam para que o amor, simplesmente, não seja dinamitado da raça humana.



* Fotos da Renata Rath

domingo, 5 de outubro de 2008

Tudo o que tenho é meu jeito de andar

Tenho uma perna um pouco menor que a outra, o que me confere um andar engraçado. Segundo uma massagista amiga da família, que quebrava o galho de todos puxando nervos com seus polegares mágicos, todo mundo tem uma perna menor que a outra. Essas generalizações me causam calafrios. Freud mandava a galera relaxar que todo mundo era, no fundo no fundo, menino e menina. Pra mim isso é o tipo de generalização de nêgo que quer tirar o seu da reta e justificar uma provável escorregada no quiabo. Mas essa estatística de perna menor que a outra não pode ser real. Se for, na boa, Deus, o corpo humano é uma máquina do caralho, tudo bem, a mais perfeita das invenções... mas errar no tamanho da perna? E de todo mundo?

Geral ou não, o andar é sim algo peculiar. Lembro de um clipe que assistia na MTV quando era bem moleque e me identificava um bocado. Era o Phill Collins, ainda no Genesis, com a música I can´t dance, em que ele diz que a única coisa que tem é o jeito de andar. Se meus passos me levarem sempre aonde quero ir, pra mim já ta valendo, por mais que eu não saiba dançar.

Na hora da dança me fodo. O tal dos dois pra lá, dois pra cá e o molejo no quadril me afastam de um aprouch mais honesto com qualquer maguinha. Aí é onde concordo com o tal do “samba pra branco” que meu amigo Ismael Machado aponta. Não sabe dançar, segue o swing. E quando o balanço contagia, meu velho, aí é geral.




Adoro isso:



quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Lucha libre: Se Rasgum Vs. Meachuta!




Se quieres una boa fiesta con personas calibradas, endiabradas e borrachadas, tienes que vir para Lucha Libre, la deliberacion de la euforia. Es ahora, 3 de outubro, na Mystical.


Libertinagem, stage dives, cocotagem, roupa fashion, embriaguez, luxo, lixo e luxúria, tudo isso e muito mais na celebração mais louca do ano. A festa Lucha Libre traz os DJs da Se Rasgum no mesmo ringue da Meachuta! para uma noite regada a música e diversão. O cenário é a instigante Mystical, que recebe todos os outsiders, modernetes, wannabes, a plebe a aristocracia paraense numa noite que percorre todos os caminhos da música moderna, desde o rock inglês dos anos 80 a mais nova onda européia, passando pela música brasileira e o rock camisa preta.

Nas pick ups os Mechutas Rods, Maurício e Yuri, e pela Se Rasgum Damaso, Gustavo e a dupla mais constrangedora desde Batman e Robin, DJ Bigode & Konsiderado. Quem assume o cargo de confiança de DJ convidado é Diogo Soares (Los Porongas) e Sammliz (Madame Saatan), que estará presente para a estréia de uma das mais esperadas polêmicas do ano: o videoclipe da música Vela. Mas isso aí você lê no próximo parágrafo.


Audiovisual

Ela estava precisando exibir seu videoclipe, mas não esperava que fosse contar com a ajuda de uma turminha pra lá de atrapalhada disposta a dar uma mãozinha. A Greenvision Produções apresenta seus novos videoclipes: Vela, do Madame Saatan, dirigido por Priscilla Brasil, e Detetive, do Ataque Fantasma, dirigido por Gustavo Godinho.

O clipe de Vela foi rodado durante a trasladação e procissão do Círio de 2007, resultando em um dos trabalhos mais impressionantes de toda a trajetória de videoclipes do Estado.


SERVIÇO
Lucha Libre, uma produção Meachuta!, Se Rasgum e Greenvision. DJs Se Rasgum e Meachuta. DJs convidados: Diogo Soares (Los Porongas) e Sammliz (Madame Saatan). Lançamento dos clipes de Vela, do Madame Saatan e Detetive, do Ataque Fantasma. Ingressos: 10 dinheiros com flyer.


Promoção de cerva: até meia-noie são cinco long necks por 10 pilas. Depois, quatro por 10.