Não me matei aos 17 e espalhei merda pela literatura e pela TV brasileira. Palmas para mim, eu sou a Fernanda Young.
Não devo entender picas de publicidade. Na verdade, nunca fiz questão. E foi essa a única certeza que tive na vida quando entrei para o curso de Comunicação Social e cursei Relações Públicas por dois anos. Quando me toquei do que era ser um relações públicas, larguei o curso e fiz jornalismo. Não por onde ia minha cabeça, só sabia que não era pela publicidade.
Atualmente ocupo um cargo de redator em uma agência de assessoria e marketing
Não é porque eu detesto a Fernanda Young, mas essa campanha da Nextel foi uma das piores coisas que já vi na vida - e olha que já vi muita merda. Ela, a Fernanda, ostentando um ar de mulher vitoriosa, solta esse texto:
Comecei a escrever antes mesmo de aprender escrever.
Eu tinha dislexia e criava meus poemas mentalmente, páginas e páginas só na minha cabeça.
Aí, eu aprendi escrever, pintei o cabelo de rosa e fui expulsa do colégio.
Hoje, eu tenho oito livros publicados, três filmes, peças de teatro, cinco séries de tv, três filhas.
Pra quem pensava em se matar aos dezessete, até que tá legal, né?!
Porra, quem foi que impediu esse suicídio? Como pode uma campanha feita pela O2 Filmes (caralho, Meirelles!?) apostar tantas fichas numa mulher que é péssima escritora, péssima entrevistadora, cheia de tatuagens feias e que paga o pau por ter sido expulsa do colégio por causa do cabelo pintado de rosa e por não ter se matado aos 17?
Assistindo ao comercial, num desses canais de TV por assinatura, me senti imediatamente incomodado. Primeiro por ser ela e segundo por tocar num tema tão melancólico e derrotista como o suicídio. Aos 17 anos, qualquer ser humano já passou por crises e, eventualmente, pode ter pensado em suicídio como uma solução imediata para seus problemas. Mas isso não tem nada demais, são dilemas da adolescência, uma fase cheia de dúvidas e transformações que sugere muita besteira.
Para mim, a jovem senhora é uma das piores pragas que apareceu na literatura e na TV brasileira (nem vem que Os Normais, como todo mundo sabe, tnha a mão do Alexandre Machado, marido dela). E eu me dispus a ler seu primeiro romance Carta para alguém bem perto, em 1998. Uma bosta enorme escrita por uma mulher besta e para leitoras burras.
Olá, eu sou o Charles Manson, lembram de mim? Sim, aquele da Sharon Tate.
Engraçado é que me espertei para essa propaganda da Nextel no mesmo dia em que conversava com a Débora e o Argemon, dirigindo da volta de Mosqueiro e mirando a propaganda da Extra Farma com Murilo Rosa, atrás de um ônibus. Será que o mais importante é ter um rosto famoso, por mais que a barba (que devia estar ali por alguma peça de teatro que o trouxe a Belém) o deixasse a cara do Charles Manson? Agora imagina alguém de fora, que vê essa porra e associa o ator global ao serial killer mais cult do planeta: “Venha para minha família e seja você também um Manson. Compre analgésicos, antiflamatórios e qualquer tipo de droga lícita na minha rede de farmácias!”