terça-feira, 27 de outubro de 2009

Apavorando o Terceiro Reich




Já viram o Inglourious Basterds? Confesso que fui um daqueles chatos dos anos 90 que chegou a dizer “nah, esse Tarantino não tem nada demais”. Me apoiei mais ainda nesse discurso quando vi que uns caras legais embalavam o mesmo tema. Chris Robinson, vocalista do Black Crowes, teve umas aspas numa revista dessas na sessão de frases: “Não tem nada que ele esteja fazendo que o Sam Peckinpard já não tenha feito”. Mas isso foi quando vi Pulp Fiction, no Cine Olympia, e achei um derrame de sangue desnecessário e um culto de violência à toa, sem sentido, a troco de porra nenhuma. Mas aí com Cães de Aluguel a coisa mudou – pois é, eu assisti depois. E vi Tarantino como um diretor inteligente, com estilo e sem essas pretensões maliciosas de hollywood.


Os “Bastardos inglórios” (que em Portugal recebeu o genial título adaptado de “Sacanas sem lei”) é sua obra-prima. Os fãs de Pulp Fiction talvez protestem. Os de Kill Bill que se fodam. Mas quem acha Cães de Aluguel seu melhor filme - como eu - vai entender achar o mesmo. Inglourious basterds não é um filme de tanta ação, mas de diálogos incríveis, como o de abertura do filme, com o ator austríaco Christoph Waltz, a grande revelação da película.


Qualquer coisa que eu escreva pode prejudicar as duas horas e meia de quem for assistir a um filme que traz uma vingança muito particular ao führer, o humor peculiar de uma geração, Brad Pitt mostrando mais uma vez que é um ótimo ator, a bela francesa Melanie Laurent e a não menos bela alemã Diane Kruger.


Aliás, aqui estão mais dois grandes motivos para não perder o filme:



Melanie Laurent


Diane Kruger



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Salve Zero 4, salve



Lembro de Mundo Livre S/A desde que suava assistindo MTV numa tarde qualquer em meados dos anos 1990. O clipe de Livre iniciativa me chamava atenção pelo vocalista sem camisa, cavaquinho tocado como se fosse uma guitarra grunge, chapelão, óculos grandão e teclas de telefone no peito. E a participação daquela gata que tocava o riff de guitarra no meio da música? Quem diria que depois de uma estrada tão bacana Syang viraria aquele artigo de decoração da Casa dos Artista. E o alemão do pandeiro? Quem diria que depois se tornaria o Otto e que pegaria a Alessandra Negrini. Naquela época, era o rock brasileiro que dava uma guinada e mostrava que aquela geração também tinha ícones. Mundo Livre S/A sempre esteve entre minhas bandas brasileiras favoritas.



Mesmo depois que acabou o selo Banguela (lançado pelos Titãs para revelar novas bandas como Patu Fu, Raimundos e Little Quail and The Mad Birds), o Mundo Livre S/A nunca virou bibelô da mídia, continuou tocando por aí, fazendo músicas boas de swing e melhores ainda de crítica. Lembro de falar com Fred 04 na platéia do Tim Festival, em 2005, quando ele tocou com o Mundo Livre S/A abrindo para o Kings Of Leon e Strokes. “Mermão, queria muito levar a banda de vocês pra Belém”. E lá estavam eles no nosso primeiro festival no Parque dos Igarapés, em 2006. Toda a banda circulando livre por lá, parava para falar com fãs e promoveu o melhor final de festivais de todos os tempos. Com isso, tive certeza de que aquela era uma banda boa para ser um grande fã. Além de tudo, uma banda real, que fala o que pensa e não soa falsa como a maioria das bandas com discurso engajado.

E eis que Mundo Livre S/A aporta em Belém de novo pelas mãos da Dançum Se Rasgum, no “Esquenta” do 4° Festival Se Rasgum.

Segue abaixo o serviço, mano.


Esquenta do Festival traz a Belém Mundo Livre S/A

No dia 25 de outubro, véspera de feriado, a banda pernambucana se apresenta ao lado de Metaleiras da Amazônia e Pio Lobato & Suposto Projeto nos preparativos para o 4° Festival Se Rasgum

A menos de um mês da quarta edição do Festival Se Rasgum, uma das bandas mais importantes da história recente da música brasileira se apresenta no Esquenta do Festival, dia 25 de outubro, no Hotel Gold Mar. Os pernambucanos do Mundo Livre S/A chegam pela segunda vez a Belém pelas mãos da Se Rasgum para embalar o clima de expectativa pelo maior evento de música do estado. A festa, que conta com um pôr-do-sol de véspera de feriado à beira do rio, promove a atmosfera perfeita para shows de abertura das Metaleiras da Amazônia e Pio Lobato & Suposto Projeto, além dos DJs Se Rasgum e do DJ Patrick Tor4. Os ingressos estarão à venda a partir da próxima segunda-feira (19).

O evento esquenta as expectativas do público paraense para o 4º Festival Se Rasgum, que acontece nos dias 13, 14 e 15 de novembro em Belém. Para o Esquenta, a Se Rasgum preparou uma promoção que vai premiar com passaporte para os três dias do Festival e kit do evento (com CD, caneca, sacola e outros brindes) o autor do melhor set de música brasileira. Além da premiação, o vencedor ainda vai discotecar entre as atrações de abertura do show do Mundo Livre. O segundo melhor set também leva entradas para o Esquenta.

Manguebeat - A Mundo Livre S/A nasceu em Recife no ano de 1984 e foi uma das responsáveis por um dos movimentos mais revolucionários na música brasileira, o Manguebeat, capitaneado por Chico Science (falecido em 1994) e sua Nação Zumbi (banda que é atração do Festival Se Rasgum deste ano). O manifesto “Caranguejos com Cérebro”, que exaltava a universalização e atualização da música pernambucana, teve autoria de Fred Zeroquatro, vocalista do Mundo Livre S/A, junto com Renato L. e Chico Science.

A Mundo Livre S/A se apresentou pela primeira vez em Belém em setembro de 2006, encerrando com chave de ouro a primeira edição do Festival Se Rasgum, no Parque dos Igarapés. Fred Zeroquatro, Bactéria, Fábio Malandragem e Tony Regalia promoveram o final de festival mais apoteótico que Belém já teve, convocando todas as bandas, produtores e equipe que trabalhou na realização do primeiro Se Rasgum para uma gigantesca jam session em cima do palco.




Com 25 anos de estrada, o Mundo Livre S/A é uma das bandas mais respeitadas no Brasil, tanto por seu engajamento quanto pela qualidade das composições de Zeroquatro que já entraram para a história da música pop brasileira, como “Bolo de ameixa”, “Livre iniciativa”, “Melô das musas”, “Pastilhas coloridas”, “Soy loco por sol”, “Free world” e “Bola do jogo”, entre várias outras.

A banda acaba de lançar a coletânea “Combat samba”, que dá nome à turnê que passa por Belém, trazendo outros hits importantes do Mundo Livre como “O mistério do samba”, “Seu suor é o melhor de você” e “Meu esquema”.

Conexão Vivo - O Festival Se Rasgum tem o patrocínio do projeto Conexão Vivo, uma rede constituída da união de artistas, produtores culturais e iniciativas pública e privada, que foi criada com a proposta de apontar novos caminhos e encontrar respostas para os desafios do mercado da música independente. O projeto teve como respostas imediatas solucionar o desconhecimento por parte do público do universo independente.

Circulação por capitais e cidades do interior de Minas, lançamento de CDs coletivos e revelação de novos talentos foram algumas das estratégias usadas pelo projeto para atingir um público maior sobre informações do mercado de música independente. E é assim que o projeto Conexão Vivo chega, se estabelecendo como o maior movimento musical do país na atualidade.

SERVIÇO
Esquenta para o 4° Festival Se Rasgum. Shows de Mundo Livre S/A (PE), Metaleiras da Amazônia e Pio Lobato & Suposto Projeto. Participação DJs Se Rasgum e Patrick Tor4
Dia 25 de outubro (véspera do Recírio), a partir das 18h
Ingressos: R$ 15 antecipados na Ná Figueredo (Gentil 449 e Estação das Docas) e Colcci (Pátio Belém, Castanheira e Braz) e antes das 18h. Após as 18h, R$ 20
Local: Hotel Gold Mar (Rua Prof. Nelson Ribeiro, 132, próximo à Fundação Curro Velho)


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Os olhos desgrudando das páginas


Quando comecei a realmente me interessar por literatura devia ter uns 13 anos. Embora meu pai tenha sempre me indicado os livros como o melhor caminho para se aprimorar a escrita e acumular conhecimento, eu, como todo pré-adolescente, achava que meu pai não sabia de nada e que era no cinema que me enganava e nos discos que me iludiam que estava o meu futuro.

Uns cinco mais tarde, depois de já ter experimentado um Machado de Assis aqui e um Salinger ali, vi que naquelas linhas pretas de palavras em páginas brancas e com cheiro de coisa velha havia um universo cheio de possibilidades para se explorar. Meu pai estava certo.

Mergulhei no que achei que seria uma onda legal, sem muitas pretensões e com a idéia fixa de trabalhar os enredos mirabolantes que me vinham à cabeça na linguagem do audiovisual. Eu queria ser um cineasta – e por muito tempo carreguei o apelido de “Marcelo Cineasta”. Ganhei uma filmadora handcan, da JVC, aos 15 anos e filmava tudo o que aparecesse pela frente. Meu alvo favorito eram as bundas expostas ao sol na beira da piscina do condomínio onde morava. Por outro lado, também guardava em cadernos vários escritos escrotos. Outro dia achei um. Era um conto sobre uma mulher que viajava de ônibus e comprava passagens para duas poltronas no fundão porque odiava que sentassem ao seu lado. Uma merda de história. Quer dizer, a idéia era boa, mas minha narrativa carecia de um amadurecimento urgente.

Entrei pro jornalismo e durante a faculdade me viciei em contos. Livros de Rubem Fonseca, Raymond Carver, Julio Cortázar, Marçal Aquino, João Gilberto Noll, Ivan Ângelo, Charles Bukowski e Dalton Trevisan se amontoavam no meu quarto em Santos, numa época de ouro em que eu devorava uma média de dois livros por mês.

Saí da faculdade e passei a trabalhar com música, que é o que venho fazendo direto, paralelo ao jornalismo, desde 2003. Mas cada vez mais acho que esse caminho foi um mero acaso que vem dando certo. O problema todo é que agora virei um escritor, leitor e revisor de releases e blogueiro esporádico daqui dessa porra. Agora, minha média de livros é a de um ou dois por semestre. Uma vergonha, eu sei. E não me conforta saber que estou na frente da média do leitor brasileiro. Problema é do brasileiro que quer ser um tapado, limitado e escrever mal. Temo pelas próximas gerações, que tudo o que lêem são janelas cheias de animações em programas de conversa instantânea na internet. Tenho um irmão de 14 anos que já obriguei a ler ao menos uma revista em quadrinhos inteirinha na minha frente. Era do Garth Ennis e ele gostou. Tenho um sobrinho viciado em Discovery Kids. Meus pais e minha irmã são bons leitores e craques em português. Mas e agora, o que será das nossas crianças?


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Nunca mais entediado


Quando a decisão parece a coisa certa para conseguir realizar as demandas do dia-a-dia, a saída mais óbvia parece escolher uma coisa só. E foi assim que pedi o meu desligamento da agência de comunicação que trabalhei por 14 meses, a CA No Media. Agora minha dedicação é exclusiva para o Festival Se Rasgum, que está na beirota (13, 14 e 15 de novembro).


A única vantagem que me apareceu logo de cara foi só dormir até um pouco mais tarde. Mas o tempo continua escasso e a vontade de abastecer isso aqui com a quantidade de coisas curiosas e interessantes que tem cruzado meu cotidiano.

Um pouco de tudo:

Deixo aqui o preview da série Bored to death, série nova da HBO com o Jason Schwartazman e Zach Galifianakis, que depois do sucesso de The Hangover minha vida nunca mais foi a mesma. No começo eu achei do caralho a semelhança porque ele era um personagem engraçado e tal, mas agora todo dia, TODO DIA, tem alguém que chega e diz “Fala Marcelo, já vistes um filme chamado ‘Se beber, não case’?”. E agora fudeu-se porque o cara emplacou. E, tudo bem, eu virei um grande fã, claro, assim como sou de Kevin Smith e Jack Black.


Mas o papo era sobre a série Bored to death, que traz uma história de humor com toques noir e que promete ser a grande sensação dos seriados alternativos da TV fechada.




Nesse blog aqui dá para baixar todas as temporadas disponíveis, e legendadas, da série It’s always sunny in Philadelphia, um novo conceito de humor negro que ultrapassou todos os limites da decência e declarou guerra contra o bom senso e o moralismo politicamente correto dos americanos.

Um amigo meu definiu como Seinfeld mais pesado. Eu até concordei na hora, mas depois, pensando bem, vi que não tem porra nenhuma a ver com Seinfeld. Uma coisa é humor negro e um roteiro super bem amarrado de uma série que já entrou para a história do humor mundial. Outra coisa é achar feridas cada vez mais abertas da sociedade americana e explorá-las sem nenhuma concessão e toques brutais de piadas de mau gosto em temas como aborto, AIDS, vício em crack, deficientes físicos etc., que é o que fazem Rob McElhenny, Charlie Day e Glenn Howerton, os protagonistas e criadores de It’s always sunny in Philadelphia Sim, sou fã de Seinfeld. Mas confesso que me viciei e rio com culpa de It’s always sunny in Philadelphia.





Ah sim, tem o Danny DeVito também, mas ele não faz a menor diferença.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Coisas para se fazer em Belém...




... quando se está vivo e muito afim de onda.

No sábado:











Radio Trash apresenta The Dead Rocks

A This is Radio Trash traz a Belém pela primeira vez uma das maiores bandas de surf music da atualidade: The Dead Rocks.
Será no dia 3 de outubro, a partir das 22h, na Cervejaria Caverna Club (antigo Liverpool), que foi reformada e tem agora um ambiente agradável.

Bandas de abertura:
Clube de Vanguarda Celestial
O Miguelitos S.A.
Os Tunas (em estréia do trio de rockabilly e surf)
The Dead Rocks (SP)

Local: Cervejaria Caverna Club (14 de Abril, 1242, entre Magalhaes Barata e Jose Malcher).
Ingressos antecipados a 10 reais nas lojas Na Figueredo (Gentil e Estação), e no estudio de tatuagem Expressão Alternativa. Ingressos no dia: 15 reais.
A partir das 22h.




Na sexta:







Se Rasgum Clássica de outubro

Dia 2 de outubro tem Se Rasgum Clássica no Café com Arte, com tudo o que você já conhece: DJs Se Rasgum, convidados, porão e a banda Ataque Fantasma.


Pra que arriscar quando se tem a diversão garantida? Dia 2 de outubro, sexta-feira, é dia de Se Rasgum Clássica, no Café com Arte, a festa que reúne a moçada para uma noite de cervejada, rock ‘n’ roll, suor, afeto e a apresentação de bandas que participarão do 4° Festival Se Rasgum.

Ataque Fantasma, o quarteto liderado por Elder Effe, é uma das novas bandas mais respeitadas por seu capricho nos arranjos e em honestas letras de amor. A banda, que ainda traz Natanael Andrade (guitarra), tem também em seu time o baixista Pablo e o baterista Júnior (da primeira e mais memorável formação do Suzana Flag). O Ataque Fantasma é uma banda que equilibra com maestria o peso de uma banda de rock e a sensibilidade dos temas de amor da música pop. Para fãs de Lemonheads, Wilco e Josh Rouse.

E nas picapes, os veteranos DJs residentes da Se Rasgum com todas as vertentes do rock em seus cases de CDs e laptops modernetes. Entre os convidados teremos novamente o parceirão Raphael Tarrikinha, comemorando seu aniversário e apresentando um set especial. E quem vem junto vem com tudo (grande Massari), Soninha prepara seu setlist com pérolas indies e clássicas.

PROMOÇÃO – Para beber mais nada melhor do que as velhas promoções de cerveja. Desta vez são três cervejas grandes por 10 dinheiros.


Line-up
Pista principal:
Damasound (rock, indie, clássicos, trashpop)
Dudu Feijó (post-punk e 80’s)
G Bandini (indie, punk, garage)
Soninha (convidada)
Raphael “Tarrikinha” (convidado)

Porão:
DJ Salsicha (pop, eletro-rock, latinidades etc.)
Bina Jares (derrubações, brega, kuduro etc.)


SERVIÇO
Festa Se Rasgum Clássica – 2 de outubro
Show: Ataque Fantasma.
Horário: A partir das 22h.
Local: Café com Arte (travessa Rui Barbosa, 1437)
Ingressos: 10 dinheiros até meia-noite / 15 dinheiros depois.