segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Um é dos números o mais solitário

Tratores, colheitadeiras, serviços agrícolas e todo um universo que me causa arrepios. Quando estava frente a frente com um desses jovens empresários, que vem de regiões de peles alvas para encher o rabo de dinheiro no Pará, me senti perfeitamente como um alvo de mim mesmo. Estou quase virando o personagem que criei como narrador e semi-herói para o que intento ser meu primeiro romance: Iracundo, a história de um jornalista que não romantiza a profissão e vai levando a vida fazendo trabalhos desagradáveis e dignos de quem não tem a imprensa à sua serventia, até encher o saco, mandar todo mundo pro inferno e meter o pé na estrada.


Na semana passada, depois de um longo hiato sem dar as caras aqui nesse blog, aproveitei as três horas que separam Paragominas de Belém para refletir sobre o rumo que as coisas tomaram. É na estrada que vejo a verdade.


O hiato foi causado pelo trabalho, projetos paralelos e a nova namorada. Natural deixar algumas coisas pela metade quando as prioridades se embaralham novamente à sua frente na mesa.

Agora estou bem na metade, nos seis meses da idade de 30 anos. E começo a achar que daqui por diante meus passos em falsos serão cada vez mais escassos. Tenho pressa de acertar, mas corro atrás com cautela. Vendi meu carro para pagar o festival e criei a frase mais impactante de minha existência: “Estou jovem demais para me preocupar em ter um carro novo, mas velho demais para ter uma guitarra vagabunda”.



Fender Telecaster Custom Deluxe texmex



E de repente me toco de algumas coisas que fogem ao exagero de costumo que me referir a certas coisas. Sempre existe o melhor filme do mundo, a melhor banda, o melhor escritor. Acho que cheguei a algumas conclusões sobre quem sou eu e o que realmente acho:


- A música “Barcos” é a melhor da Legião Urbana.

- Não tenho paciência para Oscar Wilde.

- Magnólia é tão importante pra minha geração quanto Hair foi praquela.

- Jesus and Mary Chain é minha banda favorita.

- Minhas namoradas gostam do mesmo cinema e música que eu.

- Não sou do tipo doidão inconseqüente.

- Sou do tipo irritadão explosivo.

- A cada ano minha paciência para a raça humana diminui.

- Sexo é melhor que ecologia.

- Estou a caminho de uma gastrite

- Não consigo largar o vício por coca-cola.

- A estrada é o melhor lugar do mundo.



E com o tempo, mais certezas vão chegando e o tempo para revisar e editar meu livro vai se esvaindo.

2 comentários:

Paulo disse...

Não lembrava qual era "Barcos". Fui atrás da letra. Foi legal lembrar da música quase 15 anos depois. Talvez seja mesmo uma das melhores.

Quinze anos é tempo pra caralho. Foi esse o peso que eu senti ao relembrar desse disco.

M.Vini disse...

éguaaaaa tio, essa frase é melhor que os títulos do bala!!

abraços