Charlie Haden morreu há cerca de dois anos. Os maiores
conhecedores de jazz reconhecem sua enorme contribuição e importância para o
estilo. Baixista, Charlie tocou com os maiores nomes do jazz e escreveu sua
história não apenas na música americana, como mundial.
Mas esse texto não é sobre ele, e sim sobre seu filho Josh Haden, líder de uma das minhas cinco bandas favoritas de todos os tempos, a californiana Spain. O "californiana", no caso, é apenas para localizá-lo geograficamente, pois Spain não tem absolutamente nada do que se espera uma “banda da Califórnia”, especialmente de Los Angeles. Não à toa, Johnny Cash, em seu disco de despedida, gravou a belíssima Spiritual (Jesus, oh Jesus, I don't wanna die alone. Jesus, if You hear my last breath. Don't leave me here left to die a lonely death).
Há três anos pude assistir a um show deles em Paris, em um porão de um pub fedorento onde cabia cerca de 50 pessoas (escrevi aqui sobre essa experiência). Talvez Josh jamais soubesse que ali na plateia estava um de seus maiores fãs.
Mas esse texto não é sobre ele, e sim sobre seu filho Josh Haden, líder de uma das minhas cinco bandas favoritas de todos os tempos, a californiana Spain. O "californiana", no caso, é apenas para localizá-lo geograficamente, pois Spain não tem absolutamente nada do que se espera uma “banda da Califórnia”, especialmente de Los Angeles. Não à toa, Johnny Cash, em seu disco de despedida, gravou a belíssima Spiritual (Jesus, oh Jesus, I don't wanna die alone. Jesus, if You hear my last breath. Don't leave me here left to die a lonely death).
Há três anos pude assistir a um show deles em Paris, em um porão de um pub fedorento onde cabia cerca de 50 pessoas (escrevi aqui sobre essa experiência). Talvez Josh jamais soubesse que ali na plateia estava um de seus maiores fãs.
Não há disco que me emocione mais do que o álbum She haunts my dreams, de 1999, ano em
que o álbum me foi apresentado por um amigo. Por muitos anos depois carreguei
uma copia em CD-R - uma generosidade para os últimos dias da fita cassete – até
que consegui comprar esse e outros discos da banda, inclusive uma belíssima
cópia de She haunts my dreams em
vinil transparente.
Herdando do pai o talento musical e o gosto pelo
contrabaixo, Josh optou por tocar algo que o velho Charlie jamais tocou, o
low-folk - ou slowcore como ele se apresenta - e se tornar um compositor como
poucos que existem em todo esse universo. O álbum em questão, She haunts my dreams, é uma obra-prima
não só pelo imediato convite à mais plena introspecção em se deixar invadir a
alma de olhos fechados, mas por um tema doloroso que permeia todo o trabalho:
as canções de amor mais verdadeiras que meus ouvidos já puderam ouvir.
Respeitando sua introspecção, jamais entrevistaria Josh
Haden para perguntar o que inspirou versos como: "I wanna hold you but everytime I try something keeps love away"
e "There must be a way to feel like
I used to feel before it all went wrong". Ou o silêncio de se amar em
segredo: "Nobody has to know, girl
our love has grown so strong, close the shades unplug the phone. How can our
love be so wrong?". E terminando o disco com "Soon we'll be far apart but girl you've gone
and touched my heart. And tomorrow I'm gonna love you just like I do today".
Não, nunca vou perguntar como ele termina um disco assim depois de começar com
"No love to find, tonight I'm
leaving you". Não apenas por respeito, mas por saber que só quem expõe
algo tão real e bonito só pode ter usado sua mais absoluta sinceridade.
Spain - foto: Miriam-Brummel |
Receita:
Spain é altamente indicado
para fãs de Tindersticks, Mazzy Star, Red House Painters, Low, Bedhead, Sparklehorse,
Codeine e Barzin.
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