Minha coleção de CDs começou em 1992. Lembro bem quando meu pai comprou o aparelho na Lobrás do Centro, e lá mesmo ele me levou para escolhermos alguns Compact Discs para deflorar o aparelho que inaugurava uma nova era em nossa casa. A grande novidade tecnológica dos anos 90 tornava o fetiche de comprar discos menos importante. Mas as gerações anteriores, que passaram anos e anos comprando os bolachões, nem pensaram duas vezes antes de começar a fazer a nova coleção. “Escuta essa definição de prato de bateria! Não, tu não ouvia isso em vinil”.
Ouvi muito absurdo de deslumbrante com a nova tecnologia e a maneira “moderna” de se consumir música. Meu pai foi para a sessão de música brasileira e eu para a de rock. Meus discos: Álbum preto do Metallica, coletânea do Nenhum de Nós (hehe), Engenheiros do Hawai ao vivo e o novo (da época) da Rita Lee. Consumi como um viciado os três primeiros, mas o da Rita Lee passei adiante em alguns meses. E foi quando começou minha odisséia pela posse e venda de CDs.
Max, o cara que vendia CDs novos e usados em sua banquinha na Presidente Vargas e, durante a semana, na Praça das Mercês, me conheceu aos 14 anos. Sua banca foi um capítulo importante na minha trajetória de vida. Desde adolescente comecei a correr atrás de dinheiro para comprar meus discos, montar minha coleção e tornar minha vida mais agradável. Comprava, vendia, trocava.
Aos 19 anos, estava louco para fazer uma viagem com o Randy, um de meus melhores amigos, para o Centro-Sul. Fui aos meus CDs, selecionei 50 e vendi todos de uma vez. Lá em São Paulo, deslumbrado com a Galerindie (aquela ao lado da Galeria do Rock) fui às compras. Doze discos na sacola. A obsessão estava se tornando um problema grave. Meu amigo reclamava que por conta daquele vício minha grana acabaria logo. Mas como todo bom viciado, a parada era mais forte que eu.
E toda essa jornada por mega stores, lojinhas de Rob Flemings brasileiros, sebos, bancas de usados e compras pela internet me acompanhou por uma vida inteira. Até falarem que os CDs estavam defasados e que a onda era a volta do vinil. Respeito as gerações anteriores e sou da opinião de que a embalagem do vinil dá muito mais tesão que o CD, mas minha vida foi construída em cima destas miudezas sonoras e sei que eles me acompanharam a vida inteira, até banirem todo e qualquer CD Player do planeta.
E agora comprei uns 18 CDs de outro dos meus melhores amigos, o Dudu. Tive a certeza de que ainda vou ficar um bom tempo colecionando e tendo os compact discs como meu objeto de prazer e obsessão. Da coleção do Dudu, peguei discos especiais – comprados e bem cuidados por outro colecionador compulsivo – como Peel Sessions de New Order e The Cure, oitentices como P.I.L., Devo, Crowded House; noventices como Sparklehorse, Cocteau Twins, James, além de outras coisas muito interessantes, como a caixa Heart and soul, do Joy Division. Tudo a preço de amigo. Ed na horta de comprar, aquela dó de ver um disco que saiu a 40 dólares ser vendido a 20 reais. Ainda pensei em não levar, mas mandei o Alta Fidelidade, de Nick Hornby, pro inferno!
Mas o que me fez refletir mesmo sobre essa paixão por CDs foi ter ganhado dele um disco especial do David Bowie, e ter escutado algo como: “eu faço questão que esse disco fique contigo, pois sei que ele estará em boas mãos”.
5 comentários:
É, entrei no pacote, e acho que hoje em dia tu és o meu amigo que ainda mais gasta em disco além de mim, o resto tá tudo convertido à comodidade do mp3... mas tá foda que é a mesma qualidade!
Lembro de ter pago 85 reais nessa caixa do Joy, lá no longínquo 1998. E na época já achei um negoção!
Abraços!
:D massa! acho mto legal quem tem paixões assim e se dedicam a elas.
acho q sou pão dura demais pra fazer coleção de alguma coisa
AHUIhUISAhuiSAHuiASHUIHASUIhSAUI xP
ANDRO.
caraca, espero um dia chegar lá...comecei a frequentar o Max +- na tua idade tbm...mas já mais pro ano 2000 mesmo.
quantos tens na coleção?
quais são os mais importantes?
eu particularmente adoro completar todos os cds de uma banda que gosto.
fico olhando eles...heheheh.
abraços.
Cara, eu continuo apaixonado pela minha coleção, mas perdi um pouco o tesão pra continuar comprando. Os preços subiram muito e o meu modo de consumir música também. Passei a ouvir mais no carro. E como fui furtado uma vez e como o MP3 automotivo com USB barateou, até os CD-Rs ficaram obsoletos. Hoje não tenho carro, mas carrego meu Ipod pra cima e pra baixo. Sei que nisso não há mais aquele ritual romântico de degustar a música, mas são os nossos tempos.
Mas ainda conservo alguns resquícios do antigo vício. Quando vejo um saldão, me assanho e compro até o que não gosto. Lembro de um que teve na loja do Fábio Yamada com CDs a 3 reais... Comprei uns 30 e poucos, acho. Hoje em dia, se não rolarem esses precinhos camaradas, só compro os artistas que coleciono. Ou então DVDs.
No mais, compartilho memórias semelhantes às tuas, amigão. Os primeiros discos comprados, o jeito que eu os apreciava, os passeios de domingo à banquinha do Max... É, meu neto, o tempo voa...
Abração!
O Max diz algo parecido com isso “eu faço questão que esse disco fique contigo, pois sei que ele estará em boas mãos”. Mas ele acrescenta "e como tu és meu amigo, pode ser que o disco ainda volte pra minha mão". heahueuauhea
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