terça-feira, 21 de junho de 2011

Não se esqueça de mim


Tenho lido uns textos meus inacabados na pasta Cartas Uruguaias, dos meus arquivos no HD. São tentativas frustradas de escrever alguma coisa que, no final – ou na metade, desisto e resolvo abortar a necessidade de explicar o que ninguém perguntou. O blog passa esses tempos abandonados.

Tentei falar sobre o quanto achei ruim o Bruna Surfistinha, mas perdi o timing e achei que o filme nem merecia esforço. Arrisquei um ensaio besta sobre as calçadas de Copacabana, mas desisti também achando que não tinha graça nenhuma implicar com carioca e com paraense metido a carioca. Me meti a besta querendo falar desse tópico esgotadíssimo que é a internet separando as pessoas. Minha última tentativa foi falar dos artistas que julgo injustiçados, pensando em caras como o Nervoso e o Paul Westerberg. Mas nah, deixei pra lá também.

E aí que numa noite de calor e de ar condicionado quebrado resolvo estivar na rede e emendar dois filmes que gravei há mais de dois meses na Sky HD. Foi O grupo de Badder Meinhof e Clube dos Cinco. Comecei com o filme alemão sobre o grupo de guerrilha comandado por uma jornalista e um arruaceiro, que apavoraram a Alemanha pós-guerra com suas revoltas e a consagração de semideuses. Achei legal, mas não tava na onda deprê. Aí fucei os filmes gravados e estava lá, o Clube dos Cinco.

O paredão de losers queridos do Breakfast Club


John Hughes foi meu diretor favorito da pré adolescência. É dele Curtindo a vida adoidado, Gatinhas e Gatões, Antes só do que mal acompanhado e Clube dos Cinco, o filme em questão e, para mim, o melhor de sua carreira. É a desculpa de ser uma comédia adolescente se tornou um dos melhores enredos sobre complexos da adolescência, que discute assuntos como suicídio, virgindade, maconha, mentira, popularidade na escola, delinqüência e esquisitices. E isso tudo na premissa de que cinco jovens completamente diferentes tem que conviver durante um dia de sábado na escola como punição por algo que fizeram naquela semana.

Ali estavam alguns dos astros que brilharam somente nos anos 80: Judd Nelson, Molly Ringway, Anthony Michael Hall, Emilio Estevez e Ally Sheedy, de quem eu descobri que sou a fim assistindo ao filme pela trigésima vez. E é incrível como toda aquela estética colegial americana funciona em um filme com adolescentes, mas não exatamente para adolescentes. É inverno, é claustrofóbico e tem personagens bem desenhados que estavam no ponto de serem debatidos. Eram todos losers, mas vestidos em um delinqüente social, de um atleta metido a bonitão, de uma gostosa virgenzinha, um nerd e uma esquistona. 

Oh Ally Sheedy, vem ouvir um The Cure aqui em casa

A ruivinha true Molly Ringward, de musa 80s a alvo do Family Guy
 
É horrível entregar conclusões sobre um filme clássico que todo mundo já viu. Nem era essa a minha intenção. Era mais render uma homenagem póstuma tardia a um cara que provou que comédia adolescente nem sempre deve ficar nas prateleiras descartáveis. Eu me lembro de momentos emocionantes em seus outros filmes, como a coragem de Cameron no final de Curtindo a vida adoidado, quando eles matam o carro; do personagem solitário de John Candy, o mala de Antes só do que mal acompanhado.

É puro saudosismo 80s sim. Mas eu não entro naquela de ter parado no tempo e dizer que hoje em dia todo mundo tem que comer muito feijão pra chegar aos pés daqueles caras. Pelo contrário, tem gente muito melhor. Olha o Greg Mottola aí. O diretor de Superbad, Um dia em Nova York, Adventure Land e Paul talvez seja o grande substituto de Hughes no cinema contemporâneo. O fato é que Hughes formou minha personalidade, meu gosto para comédias e me fez ir além do saudosismo, sempre encontrando discussões interessantes em alguns de seus filmes. Isso o Jorge Furtado faz bem no Brasil. Quer dizer, começou fazendo bem.

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