E então finalmente saiu meu Iracundo. O motivo da existência
do blog Cartas Uruguaias foi a necessidade de manter amigos e parentes
atualizados quando me isolei em Montevidéu, lá em 2008, para escrever o que
veio a ser este primeiro romance, que rendeu o título esquisito que suscita
diversas interpretações. Por eu ser da Amazônia neguinho pensa que é sobre um jornalista
que encontra um índio malucão no meio do caminho. Mas não sou doido de querer
explicar o título e tirar a curiosidade do público em ler o romance. Como diria
o Tim Maia: leia o livro.
Iracundo é a história de um cara que poderia ter sido eu,
você, essa pessoa aí do seu lado e aquele que foi ao banheiro. Não tive a
audácia de querer traçar o perfil de uma geração, mas localizei aquele cara de
30 e poucos anos que chegou ao final dos anos 90 sem muitas conquistas
pessoais, mas a estabilidade de uma vida levemente confortável. O vazio de uma
vida na cidade grande cheia de pequenos vícios, conversas furadas e gente chata
dão no saco e ele resolve capar o gato. Se manda pela Belém-Brasília e tchau.
Quer dizer, nem tchau. Mário é um jornalista que trabalha como assessor de
imprensa em um órgão público. Tudo o que faz é trabalhar, sair pra tomar uns
tragos com o único amigo, tentar dar uma transadinha e ouvir música e ver
filmes. As músicas e filmes, no entanto, não são o recheio do livro, estão lá
apenas para constar.
Ao pegar estrada, Mário, um cara chato e amargurado - mas
com senso de humor - acaba revendo amigos e encontrando várias figuras pelo
caminho, que fazem com que ele reveja algumas de suas escolhas e reflexões. Nas
quatro rodas de seu Fiat Uno velho ele começa a rodar o Pará, Maranhão, Tocantins,
Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e pelo Uruguai.
Bem, estou apenas vendendo o peixe, mas se posso falar muito mais do que isso
ninguém compra.
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