quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O dia do lançamento

Faz um tempo que tenho imaginado esse dia. Não exatamente o dia em que dei o ponto final de "Iracundo", mas quando fui a algum lançamento, quando troquei ideia com um dos autores de livros que mudaram minha vida ou quando li entrevistas que revelavam o autor por trás do romance. Dessas maneiras me peguei pensando no dia do lançamento. 

É hoje, e escrevo antes da "grande noite". Ansiedade correndo solta pelas veias. Já realizei outros trabalhos que me orgulho um bocado, mas nada tão intenso e exclusivamente meu como o lançamento do meu primeiro romance, algo que nunca achei que pudesse fazer desde que li "O apanhador nos campos de centeio", aos 17 anos.

Lembrei agora do meu computador ligado no avião que me trazia de Montevidéu pra Belém, em 2008, no período que me propus a escrever Iracundo. Não acreditava que conseguiria terminar aqui com todas as coisas que acontecem no nosso dia a dia e nos fazem derrapar do foco. Terminei ali, no avião, entre um copo de plástico de coca com uma mísera pedra de gelo e um pão com qualquer coisa.

Saíram duas matérias nos jornais daqui, Diário de Pará e O Liberal. Trabalhei muitos anos no Diário, o que me deu a oportunidade de entrevistar um cara que talvez tenha sido o mais importante para o nascimento de "Iracundo". João Gilberto Noll e seu "Hotel Atlântico", é exatamente um "road book", que começa no Rio de Janeiro e termina em Porto Alegre. Intenso, poético e brasileiríssimo, o romance de Noll foi um daqueles que você lê em uma noite, tanto por ser curto quanto imensamente bom. 

Achei libertador contar uma história pelas estradas do Brasil, algo que conheci intensamente desde um ano de idade, no banco de trás do carro dos meus pais. Aquelas longas horas de pasto, vacas, carros, caminhões e a música escolhida por eles acendeu em mim a vontade de contar uma história.

Releio com prazer meu "Iracundo" nos últimos dias. Volto páginas, analiso, penso em quem vai ler ou já leu. E tenho realmente gostado muito do que ficou. Não sei se tenho fôlego para um próximo romance tão cedo, mas certamente tentarei. E hoje? Hoje é o dia de encarar o que antes era só imaginação. Se é bom eu não sei, mas também não me sinto gonzaguinhando com a bunda exposta na janela pra passarem a mão nela.  



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