“Eu preferia ir dormir. Esses festejos não significam nada pra mim, isso é só imposição do comércio”. Com a mesma ladainha de sempre, meu pai justificava uma tentativa desajeitada de cair dentro de um compromisso social. Estava com ele no carro seguindo para a casa de uma tia para nos despedirmos do ano de
O romper de ano traz alguma carga melancólica que sempre se disfarça entre marchinhas de carnaval e fogos de artifício. Mas esse foi de comemoração. Aquela coisa de “o primeiro ano dos restos de nossas vidas”, de ter certas convicções que seguirão com a gente rumo ao túmulo.
A passagem de ano dessa vez me marcou, vi ficando para trás um 2008 em que, além de ter completado os famigerados 30 anos, dei uma sacudida nas coisas e consegui virar o leme e mudar o rumo do barco. Larguei a vida de redação de jornal, tive a experiência de ficar uns meses escrevendo no exterior, voltei trabalhando num lugar mais tranqüilo, emagreci e engordei, terminei um namoro longo e continuei amigo (provando um certo amadurecimento, porque não?) e me apaixonei logo
Tudo isso sem contar o tremendo tapa que levei com essa história de Festival Se Rasgum. Tapa pra espetar, pra mostrar que o caminho é esse. Foi o festival que nos deixou mais satisfeitos e mais quebrados. Vendi meu carro sem remorsos para bancar um sonho acreditando que é esse tipo de ideologia que falta à minha geração. Não que eu me ache um exemplo a ser seguido, pelo contrário, mas talvez se a repressão que me cercasse fosse a de 64, eu teria sido um dos que tascou um coquetel molotov na moleira dos militares.
A vitória não é a estabilidade econômica, carro e casa própria, mas a certeza de que as coisas boas continuem e as meia-boca dêem lugar a outras melhores. A gente sabe como fazer isso e nem precisa de champagne para brindar.
Um comentário:
"Mejor caminar que llegar"
Um brinde às novas andanças literarias, reais e irreais. Feliz 2009!
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