terça-feira, 16 de junho de 2009

A gente somos inutêo


A minha realidade é uma mesa de bar. A dos meus amigos também. Cervejas, caipirinhas, destilados e as intermináveis rodadas de referências a filmes inúteis, comédias, quadrinhos e a vasta colheita plantada pela cultura pop. Fico pensando aonde isso vai nos levar, se algum de nós vai tirar proveito de todo esse conhecimento que não interessa a ninguém - exceto em mesas de bar de estudantes de comunicação social, jornalistas e publicitários do bem.


O maior exemplo de que o humor evoluiu e que a cultura do nada leva a algum lugar é Seinfeld. Em seu último episódio, em 1998, nos Estados Unidos, 78 milhões de americanos estavam sintonizados na sitcom, pontuando aquele momento histórico com um recorde jamais alcançado por outro programa do gênero na TV aberta norte-americana. A inutilidade como assunto principal nunca havia ido tão longe.



Na linha de um humor menos sofisticado e completamente entorpecido, tem a galera do diretor Judd Apatow, com Seth Rogen, Evan Goldberg, Greg Mottola e Bill Hader, que viraram meu alvo de busca nas locadoras. Eles ganharam a nação nerd após Superbad e suas piadas de maconha, sexo e escatologias. Junto com Virgem de 40 anos, Ligeiramente Grávidos e o mais recente Pinapple Express, a nova moçada do humor sujo-juvenil fala a nossa língua (nerds, losers e metidos a espertinhos), a dos que um dia perceberam que a rejeição por parte das gatas importava menos do que a diversão com os amigos do mesmo calibre baixo.


Assisti Pinapple Express há uns meses (esse texto ficou adormecido pela metade por uns 2 mês, acho). Na época que escrevi não achei dos melhores filmes do grupo, mas depois de rever mais duas vezes achei do caralho! Quando vi o DVD dando sopa na prateleira da locadora nem acreditei, achava que o filme estava longe de chegar logo às locadoras. Na verdade, esses filmes já são feitos para ir direto para as prateleiras. Assim foi com The Pick of Destiny, Nacho Libre, Napoleon Dynamite, O Âncora Step brothers e todos os outros da moçada de Apatow. Só Superbad passou nos cinemas de Belém, e mesmo assim em duas únicas sessões durante uma semana. Mas foda-se, isso aqui não é protesto de cinéfilo.



Minha primeira constatação de que havia uma nova cara do humor surgindo foi quando vi o trio do cartaz de Superbad, com os personagens de Seth, Evan e Forgel (a cara do meu amigo Érico). Moleques comuns, como eu e você éramos e como alguns de vocês devem ser. E a confirmação de que minha intuição ia pelo caminho certo veio logo depois que assisti ao filme. Era a sensação nas mesmas mesas inúteis do primeiro parágrafo. Depois foi a vez de Ligeiramente Grávidos, que ganhou de uma vez por todos os fãs do gênero que passaram a venerar tudo o que o grupo fazia.

A galera de Apatow e Rogen, no entanto, deu aos anos 2000 uma salvação, depois que nos anos 90 predominou o humor dos irmãos Farelly e a tentativa de tornar clássico American Pie e suas seqüências. Se não fosse por Kevin Smith, a comédia de cinema na década passada teria tomado outro rumo. Era preciso alguém que falasse uma linguagem universal, aquela que é falada em mesas de bar, sem concessões, cheia de palavrões e com situações reais.


Assumo sem medo: sou fã de comédias e odeio “humor inteligente”, que, para mim, é coisa de quem curte besteirol e acha que está acima de todas as pessoas com um humor mais frouxo. Woody Allen é legal, mas já errou um bocado. Seinfeld é foda e nunca errou na série. Os Irmãos Cohen quase nunca erram também. Mas não é por isso que vou deixar de rir do Ben Stiller, Jack Black e do Kevin Smith tentando acertar a mão de novo com Pagando bem, que mal tem?, em que se une com a Seth Rogen, Jason Mewes, Justin Long, a baby Elizabeth Banks e a musa pornô Tracy Lords. E não tinha como dar errado, pois o filme e o objetivo de vida de Kevin Smith sempre foi falar para uma geração fã de filme pornô e Star Wars.



O Todd Phillips (diretor de Quem vai ficar com Polly?) ganhou as bilheterias americanas em junho no final de semana de estréia de The Hangover, que no Brasil chega com o título “Se beber, não case”. Até que acertaram nesse título, de repente achei melhor que “A ressaca”. Fiquei impressionado com a aparência desse sujeito, a ponto de olhar a foto e me perguntar: “quando foi isso mesmo?”. Estou ansioso por esse e por Fanboys, que o Doda viu esse final de semana e achou legal.



E sabe o que mais me deixa noiado nesse lance de escrever em blog? É terminar o texto do nada, sem uma finalização legal, sem aquela conclusão que você pára de ler e pensa “uau, texto bacana”.


3 comentários:

Maurício disse...

ei, marcelo, tens amigos famosos. quando foi essa foto?

Blog do Felipe disse...

The Pick of Destiny é muito bacana! Ri muito!
Recomendo tb!

paulo nazareno disse...

rapaz, quero ver todos esses. eu sempre me divirto com filmes que parecem não ter propósito - hum, exceto com aquele do wolverine..que realmente não tem nenhum propósito. outro dia vi um tal de Role Models, uma besteira das boas, com muito Kiss! tem até aquele teu amigo, o érico.

gracias pela visita. estamos por ai fazendo alguma piada inoportuna. um abraço. (: