segunda-feira, 12 de abril de 2010

Let´s twist, junkie, twist


Damn Laser Vampires no Boteco São Matheus (foto de Fabrício de Paula)
 
O mundo se tornou um lugar melhor depois que as guitarras desobedeceram as regras e decidiram fazer o que se convencionou chamar de rock ‘n’ roll. Os excluídos tiveram voz, os radicais pisaram fundo e a juventude enfim teve, enfim, sua chance de ser mais feliz e se desligar dos problemas do dia a dia. E na noite do dia 10 de abril, no boteco São Matheus, mais uma noite em Belém me mostrava que essa praga do rock ‘n’ está solta pelas ruas e nos pega de surpresa, quando a gente menos espera. E aí, quando a gente acaba achando que vampiros não existem, vem uma banda como o Damn Laser Vampires e prova que, realmente, vampiros não existem. Mas que eles são uma puta inspiração para um belo show de rock.

Frank Jorge já havia recomendado o trio gaúcho de fãs de The Cramps. E então os heróis do rock de macho da cidade, a produtora This Is Radio Trash, trouxe a banda para uma dobradinha nas noites de 9 e 10 de abril. Na primeira noite, com abertura do Turbo, o clima estava preguiçoso pra mim e, por algum motivo, acabou sendo preguiçosa para todo mundo que foi ao Boteco São Matheus assistir o trio paraense Turbo e o trio gaúcho Damn Laser Vampires. Depois da apresentação do Turbo, que teve o show interrompido para que se corrigisse a oscilação de energia da casa, o Damn Laser Vampires entrou com todo o estilo de uma banda com aquelas influências. No entanto, a energia não tava boa, não só da vibe como a do local. E o show foi interrompido por um apagão na terceira música. Mas tudo bem, ainda tinha o dia seguinte.

No sábado já cheguei com o show dos gaúchos no final. Ví três músicas do dia anterior e as três últimas do segundo dia (em que eles tiveram que repetir o show autoral para depois fazer o prometido para essa noite, o show só de versões do The Cramps), no total, assistí metade do show autoral. Vale? Vale sim. Mas o que encheu meus olhos estava por vir, o show em homenagem ao Cramps.

Para quem jamais terá a oportunidade de ver um show do quarteto norte-americano (que perdeu seu líder recentemente e que nunca veio ao Brasil por causa de seus malditos gatos de estimação), o presente dado pela banda gaúcha foi além do esperado. O visual é incrível: Ron Selistre (guitarra & voz) vai bem do figurino vamp ao vozeirão Lux Interior; Francis K (guitarra) é puro charme blasé na sua tonante bem timbrada (você nunca mais vai ler isso em nenhum outro lugar do mundo) e Michel Munhoz foi um dos bateristas mais precisos que já vi. E choveu lembrança dos Cramps, com Ultra twist, Like a bad girl should, Naked girl falling down the stairs e Bikini girls with machine guns.

Ali, vendo a galera cantar junto, vibrar e dançar um twist-junkie, vi que aquilo sim era um momento digno de uma cidade que ama o rock, mas que nem sempre tem ele por perto. Mas quando tem, são cenas como essa que ficam na memória. No final do show, no melhor papel baba-ovo-tiete, agradeci a Ron pelo presente aos fãs de Cramps. E vida longa a This is Radio Trash!


Fotos que tirei do celular: 

 É ou não é um puta visu?


3 comentários:

Fernanda Brito disse...

massa
deve ter sido ducaralho!
apesar dos imprevistos,o rock and roll sempre vence no final!!
queria ter visto essa.

Unknown disse...

Porra Marcelesa, que honra para nós da produtora ler um texto tão bem feito como esse. Muito obrigado !! Gori

Estuda, Doido! disse...

"Francis K (guitarra) é puro charme blasé na sua tonante bem timbrada (você nunca mais vai ler isso em nenhum outro lugar do mundo)"

foda demais!

hahahaha