Desaparecido há mais de 17 horas
Já se passava das 4h da madrugada e nenhuma notícia. Os seguranças então passaram a fazer uma ronda em uma das Land Rovers da família. Foram em todos os possíveis bares que ele freqüentava e nada. O dia amanheceu e quem não se conformou mais com o sumiço foi a esposa, que entrou em seu carro – um desses importados que proletariados como eu e você sequer sabemos o nome – e passou a procurá-lo também pela região de Jardins e arredores.
Às 13h, então, uma amiga da família o viu e ligou para a esposa dizendo que ele estava em uma lanchonete conhecida na travessa Joaquim Eugênio de Lima. Ela acionou os seguranças e todos partiram para lá. E lá estava ele. Camiseta preta, calça esporte com muitos bolsos, sentado e quieto em uma mesa com uma latinha de cerveja na mão. Poderia ter aprontado todas e agora já não tinha mais fôlego para nenhuma onda. Ou poderia ter silenciado a euforia de dar um chute no pau da barraca e estar bebendo até não poder mais.
Os seguranças, devidamente trajados de homens de preto, o levaram com todo o cuidado, com o cuidado de uma mãe que troca a fralda de uma criança recém-nascida. Cada um o pegou por um lado, abriram a porta e o colocaram dentro do carrão da esposa. A esposa não falou nada e os seguranças ainda carregavam no semblante traços de constrangimento da cena de resgate deprê na lanchonete. Ao entrar no carro ele só fez um pedido à esposa: “me deixa ir com a latinha, tá?”. Ele era o rico. Ela só teve que agüentar.
N. do R.: Dedução baseada em fato real.
Um comentário:
E viva Henry Chinasky!!!!!!
Acho que todo mundo deveria ter seu dia "Bukowiskiano", ricos e pobres para entender que a vida é mais simples do que se pensa.
Primeira vez no blog, gostei muito, belo post.
Thiago Diniz
http://clubedovinilbelem.blogspot.com
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