quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tcheco Tcheco no fubá



“One o’clock. 150 euros. But you can drink. Lesbian shows…”. O taxista se esforçava para arrumar um cliente (pras nêga dele) num inglês que fazia com que o meu parecesse de uma pessoa nascida e criada na Inglaterra. Eu não estava contando em pegar um taxi, mas a jovem tcheca do serviços de informação da rodoviária contribuiu para isso. Também não estava procurando uma puta, apesar de saber que estava no berço da fina flor da pornografia mundial. Foi só eu falar dos filmes que o taxista puxou o catálogo. E enquanto ele tentava me convencer eu olhava noiado aquele taxímetro que já marcava 300. Já sabia que a coroa tcheca tinha esse exagero de números, mas estava em Praga há pouco menos de uma hora e era bom ficar de olho em tudo. Desci do taxi rindo do inglês pavoroso do taxista que mal sabia que tinha me falado que era 150 pratas mas a uma da tarde. Imaginei o almoço com digestivo tcheco no tcheco tcheco da tcheca.

Desce daí, velho de bronze!


Andando pela “rua do museu”, que eu nunca soube o nome, me deparei com uma cidade diferente da que eu estava esperando, mais agitada e com muita gente querendo se dar bem nas ruas. E se dar bem em todos os sentidos, seja procurando diversão quanto colocando um turista em apuros. Busquei refúgio em um sanduiche terrível de filé de frango grelhado e um litro de cerveja antes de me abrigar no conforto do hotel. Foram noites bem dormidas no Corinthia Tower Hotel, que tinha uma estação de metrô só pra ele e me economizou boas pernadas.

Era páscoa por ali. E o sol estava todo gracioso e se mostrando para os turistas e pro povo gelado que se estendia na grama para tentar tirar o encardido do inverno. Com as ruas, parques, pubs e restaurantes tomadas de turistas, Praga teve outro significado para mim. Ali eu era mais um otário no meio de centenas de otários. E não há beleza que supere um povo impaciente e, por vezes, mal educado. Adoro educação. Educação é algo charmoso até. Praga era a parte curiosa e weird do meu roteiro, e nesse papel cumpriu todas as expectativas. Ouvi falar da noite de lá, mas não pude conferir a fundo, e isso não causou nenhuma frustração.

Frustração existiria se não tivesse encontrado o casal de amigos Ana Clara e Rodolfo, de Belém, que aproveitaram o feriadão e se mandaram de Milão – onde estão vivendo atualmente – para Praga.

A sugestão fica por sua conta

Bar medieval e sem assombrações em Praga


Seguimos duas ótimas indicações da Renata Rath. Uma delas foi o bar medieval, onde conseguimos tomar apenas 500 ml de cerveja. A casa estava fechando e tudo o que nos restava era caminhar “na rua do museu” procurando algo para fazer. Aí paramos na frente de um carrinho de cachorro quente e ficou aquele namoro de comer a porcaria de rua ou não. Pegamos umas cervejas pros rapazes e um champagne para a Ana, e fomos para o outro lado da rua, sentir o clima na frente de uma boate de música eletrônica que ficava colada num puteiro. Era engraçado ver os indianos e gringos saindo de lá com um sorriso besta no rosto. Ainda mais na terra da pornografia de olho claro, sobrancelha feita e nariz afilado.

Voltamos enfim para o carrinho de cachorro quente e eu e Rodolfo resolvemos encarar o cachorro quente de salsicha saborosa. Mais tarde no hotel sofri as conseqüências da inconseqüência de provar tentações saborosas ambulantes. Lembrei da minha mãe que ficava preocupada quando me viu comendo um monstroburguer desses do centro de São Paulo. Piriri deu sua cara. No dia seguinte perguntei para o Rodolfo se não tinha acontecido o mesmo, e ele disse que não. Mas aí já era tarde, eu já havia me entregado.

Minha visão no banco de trás de Rodolfo e Ana


Na volta do hotel para o aeroporto, naquele domingo de manhã frio e com um motorista caladão, deixei Praga com a impressão de que foi a única cidade de todas que não sei se voltaria. Mas isso não importa, pois ali no salão de embarque eu sabia que estaria o principal paradeiro dessa viagem: Londres.

Um comentário:

ANDRÉ WANZELER disse...

égua marcelo,vi suas fotos e viajei na possibilidade de fazer isso um dia...caramba q lindas fotos e lugares...estive ali em pensamento...obrigado pelas imagens...abraços...