sexta-feira, 6 de maio de 2011

In varenight


Naquela cidade de novas tendências para o estilo musical que mais curto, consegui assistir a grandes shows de bandas iniciantes e outras que já reinavam em absoluto há algum tempo. Não demos sorte em conseguir ver shows em pequenos lugares de bandas como The Wombats e Metronomy, mas tivemos reveladoras surpresas, enchimentos de lingüiça e apresentações com cara de lendárias, como a do Killing Joke no Eletric Ballroom.


Thomas Tantrum (UK) – A grande surpresa ao entrar na Koko no meu primeiro domingo lá foi ver uma banda que suspirava igual ao Cocteau Twins, mas com belas guitarras e uma vocalista loira bem simpática. Banda profissional, como 90% do rock inglês. http://www.myspace.com/thomastantrum

O Thomas Tantrum. Nome ruim e banda boa.


Fiction (UK) – Dois vocalistas principais que se revezavam entre o teclado e a bateria em pé, em primeiro plano no palco. Fortes beats dos anos 80 com a presença espiritual de Devo e Talking Heads. Nice concert, Louis, Nice concert.
http://www.myspace.com/fictionlondon

Ali Love (UK) – Coisa de clubber inglês. O Ali Love era aquele esquema de ter um picareta no teclado, outro no notebook e um hipster cantando e requebrando pelo palco fingindo (para ele mesmo) ser a Madonna. Para quem gosta do gênero (eu indicaria aos meus amigos da Meachuta), é só sacar no Myspace deles: http://www.myspace.com/mralilove

David E Sugar (UK) – Grande surpresa. Quando já não agüentava mais nem beber cerveja boa, eis que surge a melhor atração da noite, a banda de David E Sugar. A guitarra swingada do princípio incomodou meu amigo, mas as canções de David E Sugar soam como um novo Lloyd Cole com pegada modernosa e acompanhado de um ótimo baterista e baixista. Não sabemos nunca quais são as grandes apostas da música inglesa, mas meu instinto apontou ali uma grande aposta. http://www.myspace.com/davidsugar





Tindersticks (UK) – Há pelo menos 12 anos eu sonhava em assistir a um show dos Tindersticks, banda elegante que influência de Leonard Cohen e do cinema francês de Claire Dennis. E foi exatamente a este espetáculo que assistí, a banda executando as trilhas sonoras que fizeram para os filmes da cineasta francesa. É, eu dormi em várias passagens instrumentais. Mas em um belo momento acordei com a poderosa voz de Stuart Stapples e aquilo sim era um show dos Tindersticks que eu queria ver. As imagens dos filmes de Claire Dennis são impressionantes, me deu vontade assistir a alguns de seus trabalhos. Mas o melhor mesmo foi sair dali tendo escutado a música Tiny Tears e ver que o vocalista era aquilo que eu imaginava no palco, do tipo que se entrega e emociona a platéia. Mas confesso, foi metade de um sonho realizado. http://www.tindersticks.co.uk/


Tindersticks, um sonho quase realizado
 

The Bookhouse Boys (UK) – Na loja da Rough Trade vi uns caras arrumando o palco, e quando estava no caixa finalizando minhas compras, perguntei para a mocinha da loja que banda iria se apresentar. Ela mostrou o vinil que a cliente ao meu lado estava pagando, era o recém-lançado disco do grupo The Bookhouse Boys. Perguntei se poderia ouvir e ver se valeria a pena esperar aqueles 40 minutos. No disco me parecia uma mistura de alguma coisa moderna com Nick Cave, e no show não deu outra. Valeu a pena esperar e ver a bela vocalista de apoio exalando charme e a banda tocando para umas 30 pessoas. Quem sabe não vi a próxima next big thing daquela porra de britpop? http://www.myspace.com/thebookhouseboys





Best Coast (EUA) – Finalmente uma banda de powerpop se apresentaria por ali. Era a Best Coast, trio californiano que atingiu os adolescentes ingleses com o single Boyfriend. Bela canção, mas show cansativo e sem punch. Encontrei como todo mundo na varanda que servia de fumodromo. A apresentação não é das melhores, mas até que Boyfriend é uma música que fica legal. http://www.myspace.com/bestcoast





Dimbebly & Capper (UK) – Na boa, não sei descrever esse som. Começou com uma perfomance de uma cantora e duas dançarinas, todas mascaradas. Depois chegaram dois caras -também mascarados – e começaram a espancar uma bateria. Em seguida um deles foi para o baixo e o show ficou legal por uma música, apenas com baixo, bateria e uma vocalista cheia de trick trick. Mas depois voltou a ficar uma merda. http://www.myspace.com/dimblebyandcapper

Ice Black Birds (UK) – Era a última banda daquela sexta-feira de apostas da publicação inglesa New Music Express. Não esperava mais ver coisa boa, mas eis que entra no palco o Ice Black Birds, que surpreende pelo carisma do vocalista e pela sonoridade da banda que exibia chances de ser um novo Arctic Monkeys. Ali o bicho vai pegar, pode escrever.            
http://www.myspace.com/iceblackbirdsuk





The Russian Futurists (CAN) – Resolve dar uma segunda chance para uma banda que já havia visto uma apresentação no Brasil e achado uma bosta. E constatei, canadenses não merecem segunda chance. The Russian Futurists tem um som muito agradável em CD ou mp3, mas ao vivo é um desastre. Vocalista tímido que ainda inventa de chamar uma vocalista de apoio que parece ter saído diretamente de um balcão de atendimentos do INSS. http://www.myspace.com/therussianfuturists              


Miles Kane (UK) – Ele é o cara que um daqueles empresários espertinhos está de olho. Miles Kane é bróder de Alex Turner, dos Arctic Monkeys, no Last Shadow Puppets e era do The Rastals. Nunca fui fã de nenhum dos dois projetos, mas o show do cara é consistente, tem uma pegada legal e foi altamente treinado para fazer uma boa apresentação. Acharia um resultado bem mais satisfatório se não fosse o show em seguida. http://www.mileskane.com/





Killing Joke (UK) – Ali não era lugar pra brincadeira, mermão. Killing Joke não se apresentava há algum tempo em um lugar tão lendário como o Eletric Ballroom. Nós entramos com a primeira música já iniciada e corremos para um lugar mais perto do palco. E que beleza de linhas de baixo, que guitarra e que vocalista! O Killing Joke era uma banda que eu conhecia apenas uma música e sabia que o Kurt Cobain havia plagiado deles a introdução de Come as you are - a música que até quem não sabe tocar toca no violão. Uma jovem senhora, de seus 40 anos, me pediu licença com um sorrisão armado e se colocou a balançar a cada acorde. Devia ser uma fã dos anos 80. Como ela, alguns caras de cabeça branca também balançavam felizes e com sorrisos no resto vendo aquele espetáculo. Leo me cutuca e solta: “Agora sim, porra. Isso faz aquele Miles Kane parecer uma donzela”. Na mosca. De repente se forma uma roda de polgo. Que saudade que eu estava de ver isso em show de rock. Na Alemanha a platéia é estranhamente comportada. Na Inglaterra, o berço de todos os grandes movimentos do rock, eu não poderia passar sem ver aquilo. E o mais bonito, jovens e senhores na mesma roda, dando chutes, socos e cantando todas as músicas. Eu, que nem sou fã e pouco conhecia da banda, assisti ao show inteiro vidrado em cada movimento no palco. Tudo perfeito. Ali, eu sabia, estava o melhor show de rock que havia assistido em toda aquela viagem. http://www.killingjoke.com/

Killing Joke no Eletric Ballroom
Outra imagem só pra sacar o quanto eles são, tipo, malzões

Danananananakroyd (UK) – O nome do ator caça-fantasma escrito dessa forma já sugeriria uma banda tão excêntrica quanto sua alcunha. Formada por garotos entre os 16 e 19 anos, a Danananananakroyd é uma daquelas coisas que você não sabe definir se é emo, screamo ou uma puta tiração de onda entre amigos. E acho que era isso mesmo, pois ali no palco ninguém se vestia de preto, fingia tristeza ou parecia ter alguma proposta. Eles sequer tinham juízo. Danananananakroyd venceu pela piada. http://www.myspace.com/dananananaykroyd





Benjamin Francis Leftwich (UK) – Ali no teatrão The Forum, onde ainda se apresentariam Lemonheads e Guillemots no mesmo dia, a produção do Camden Crawl 2011 resolveu investir em um rapaz calmo, tímido, indie ao extremo e com o cabelo cuidadosamente arrepiado pela sua cabelereira, que devia estar ali pelo backstage. Benjamin Francis Leftwich trouxe seus fãs mais para perto do palco, tocou seus 30 minutos e deixou vontade de ver mais. A canção Atlas hands parece ser uma séria candidata a baladinha favorita das garotas no Facebook. Seria um novo Eliott Smith? Tomara que não.





The Guillemots (UK) – Numa loja de CD pela manhã, naquele mesmo domingo, escutei uma beleza música na rádio e usei o aplicativo Shazam para saber do que se tratava. Era o Guillemots, que apesar de eu ter baixado em meu HD, nunca dei a mínima porque implicava com os indies que idolatravam essa porra. Mais tarde, no teatro, confesso que não vi motivo para idolatria, mas assisti a um ótimo show de uma banda que tem um daqueles vocalistas com síndrome de novo galã-eficiente-que-toca-tudo.

British Sea Power (UK) – E por fim a grande decepção. Acho o British Sea Power uma banda legal de CD, mas o show foi ruim, mesmo sendo no palco da infalível Koko. E o show do British Sea Power me fez perder o Lemonheads e o Grahan Coxon. E ainda chegamos no show do Razorlight com uma fila quilométrica que nos fez desistir e voltar para casa mais cedo. Frustração? Que nada, acho que a idade deu suas caras ali. http://www.britishseapower.co.uk/

Nenhum comentário: