quinta-feira, 12 de junho de 2008

A dor de perder dois cowboys do Tennesee

Não choro, meu segredo é que sou um rapaz esforçado.
Fico parado, calado, quieto. Não corro, não choro, não converso.
Massacro meu medo, mascaro minha dor, já sei sofrer.
Não preciso de gente que me oriente.

(Jards MacaléMal secreto)



“Aqui estou mais um dia, sob o olhar cuidadoso das guria, você não sabe como é Macapá, mas fica deslumbrado quando vem pra cá...” pra Montevidéu. Sacou a referência aos “mano” do Racionais? Pois cá estou novamente, após um ímpeto meteórico em que decidi aproveitar a passagem que já tinha e ficar uns quatro dias aqui. O plano A era ficar em Porto Alegre aproveitando a conexão e apenas a bagagem de mão, mas não consegui despachar o resto da bagulhada, e sairia mais barato usar essa grana aqui.

Incrível a sensação de voltar pra casa. Parece que o cagaço que senti da primeira vez virou pura euforia de rever uma terra querida. Hotel velhaco no centro, novas pernadas pelos mesmos lugares de sempre e a inspiração injetada na veia para concluir o inacabado. O melhor de tudo foi o taxi pegar a orla desde Punta Gorda até Pocitos.

Saí de Sampa às 20h de terça. Parei em Porto Alegre e me meti num taxi para encontrar o amigo Bernadelli na Cidade Baixa, junto à sua namorada Ana e mais a tropinha de paraenses que arriscam suas vidas nos pampas: Thiago He-Man, João, Laércio e Hélio. O tempo foi só o de dar umas risadas, quebrar um copo, tomar uns dois litros de Polar, quase queimar o casaco de uma loira e pegar o taxi de volta para o Salgado Filho. Refleti sobre a brincadeira e vi que o cinqüentão dos taxis não estavam no orçamento. Animado pelo Free Shop do vôo internacional, meti dois litrões de Jack Daniels e um Toblerone na sacola, dando exatos 60 dólares.

O dia que antecedeu este momento foi de puro cansaço. Ônibus, taxi e avião, onde eu encostava dormia. No avião não foi diferente. Meti a bolsa que me acompanhava junto com a sacola do Free Shop no compartimento superior e relaxei no banco daquele vôo vazio. Preguei legal. Daí teve o desembarque e toda aquela agonia com o frio fudido que fazia na capital uruguaia. E foi bem na hora de passar pela alfândega que me lembrei: “Caralho, deixei a sacola com os whiskies no avião!”. Deu o mesmo desespero de esquecer um filho. Alarmei a moçada e uma funcionária da Gol, do Aeroporto de Carrasco, disse que não me preocupasse e que fosse pegar minhas malas que ela “passaria um rádio” (manja essa expressão?) e eles recuperariam minha sacola. Porra nenhuma. A galera uruguaia ficou sem jeito de me explicar que eu havia dançado nas compras e que, possivelmente, a sacola devia ter sido levada por um dos passageiros. Mas é claro que minha maior suspeita recai sobre os comissários brasileiros do avião. Se fosse uma sacola pessoal, com coisas minhas, é claro que ela apareceria. Enfim, só me resta torcer para que um deles tenha um coma alcoólico com meus whiskies.

Não tenho tempo a perder, acho que o próximo post será de Porto Alegre.

Hasta luego, carajo!

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