Minha simpatia pelo estado de Minas Gerais vem desde criança e as aulas de história do Brasil, que era uma das poucas matérias do colégio que poupava o nascimento de novos cabelos brancos na cabeça de minha mãe. Terra de escritores como Luiz Ruffato, Mário Prata, Fernando Sabino e Luiz Vilela, que figuram na minha lista de favoritos, assim como das bandas Pato Fu, Skank, Virnalise e o fenômeno mundial Sepultura enlaçam meu afeto pelos(as) mineiros(as).
A melhor lembrança que tive foi da noite de sexta-feira, na festa Se Rasgum invade A Obra, no bar do bróder Claudão, no bairro de Savassi.
A Obra – O melhor exemplo de uma festa com público bacana e sem preconceitos. Conheci o “bar dançante” logo na quinta-feira, a convite da anfitriã Camila, onde as atrações da noite eram as bandas de powerpop (estilo que adoro e que meus amigos dizem que inventei) Radiotape (de BH) e Grandprix (do Rio), que fizeram suas apresentações bem intencionadas. Grandprix eu já conhecia de MP3, mas o show acabou ficando marcado mais pelos covers do que as composições próprias. A versão puxa-saquista de Janela Lateral¸de Beto Guedes, foi uma das mais criativas que já ouvi, mas a obviedade tomou conta do show com Portishead e Smiths. Mas enfim, foda-se, não vou ficar fazendo resenha de zine. A Obra é um lugar inacreditável, desde o atendimento à diversidade de cervejas. Um porão com capacidade para pouco mais de 200 pessoas bem estruturado de iluminação e um som de primeira.
Na minha noite, sexta-feira, dividi as picapes com o DJ local Seu Muniz, o Marcão, cabra gente boníssima que manda bem e sabe fazer o público entrar na dele. A descrição de meu set apontava guitarradas, ska, latinos e baixarias, mas achei que aquilo poderia mais afastar do que chamar público, então fiz meu primeiro set com rockão, de Happy Mondays a Tom Bloch, revezando entre novidades e velharias pops do New Order, The Cure, Cake e outros hits infalíveis que costumam chamar a moçada pra pista. Deu certo, a galera animou. Na segunda parte, mais destemido devido ao whisky e as cervejas especiais, ousei mais um pouco metendo o que o cardápio prometia, como guitarrada, ska, mash ups de technobrega do DJ Konsiderado, música latina e funk. Moçada não estranhou tanto quanto eu pensei, mas quase que rola o efeito DJ Moisés (piada interna e foda-se). Intercalado com o set de Seu Muniz, que mandava muito bem em versões feitas sob medida pra pista de dança, terminei a discotecagem colocando música brasileira que continuou deixando a mulherada animada na pista. Enfim, deu certo. Tive a impressão do público ter sido menor do que nas outras sextas, mas a casa estava com gente o suficiente para uma festa com ótimo clima.
Com mais de 10 anos de existência e já dando bons frutos (como o anexo O Bar), A Obra me reacendeu a vontade de ter uma casa própria em Belém.
3 comentários:
Ah, Marcelo, que delícia de relato! E foi ótima a discotecagem, mesmo, volte sempre! =)
Como paraense que morou 2 anos em BH, A Obra foi um dos meus locais favoritos pra escutar um som bom.
=]
Queria tá aí pra ouvir o teu repertório!
"égua sô!"
Relato firme. Espero conhecer o local em alguma trip por lá. E pelo menos o público não parece ser muito afetado. Abraços!
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