Quantas oportunidades as pessoas perdem esperando o amor perfeito? Quantos fluídos deixam de trocar? Quantas conversas leves pós-coito deixam de existir? E quantos cigarros apaziguadores deixam de ser apagados (e acesos)? Tudo na eterna, ilusória e irrequieta busca pelo amor perfeito. O segredo para a felicidade é se apegar a um amor meia-boca.
Mandar flores, levar café na cama e ligar só pra dizer “eu te amo” viraram artifícios demodês e que, convenhamos, já não tem mais tanta graça em fazer e receber – igual boquete de camisinha. Casar cedo é suicídio, mas deixar pra mais tarde significa um acumulo de regras que fazem o “amor perfeito” parecer algo ainda mais inalcançável. “Ele é alto demais”, “ela mora longe”, “ele não abre a porta”, “é incapaz de pagar uma conta inteira”, “tem um pau muito grande”, “ela tem estria”, “ele não me liga sempre”. Cada vez mais os pequenos detalhes se tornam um caminho para a solidão.
Tenho escutado constantemente lamúrias que cantam ausências e caprichos que tornam a felicidade a dois uma estrada longa e tortuosa. É claro que a referência de um primeiro amor, perdido no passado, impede que as coisas aconteçam naturalmente, mas a magia não se repete. Aí é que as coisas tombam para o lado errado e, quando você perceber, está só, cuidando de quatro cachorros, três gatos e derramando lágrimas quando vê uma criança brincando com os pais em uma praça.
Se o beijo na boca não desencadear um coração acelerado como aquela lá de trás, se a calcinha não molhar de primeira, se a cueca voltar com poucas placas pra casa, se o hálito precisava de um hortelã, se o filme foi uma merda ou se a espinha na testa quebrou o encanto, relaxe e dê uma segunda chance ao amor meia-boca. Se apegue a quem lhe faça gozar e converse sobre um filme interessante. Isso já está de bom tamanho. De repente, você um belo dia ganha uma cerveja ou um sonho de valsa e isso, sim, pode ser um gesto de amor.
11 comentários:
e o amor meia-boca é muito mais barato. no começo não precisa pagar restaurante caro e nem fingir que curte baitolagem de vinho.
Outra coisa: o amor perfeito oferece um monte de contrapesos inconvenientes: cobranças, reuniões de família e a necessidade de "bater ponto".
hum...que seja amor, então. meia boca,fuleira,de quinta,meia sola,pão com ovo...mas tem que ter beijo na boca.
ok, vou pensar a respeito.
Estou te achando muito amargo, Damaso... hehehe
Pra mim, amor meia-boca não é amor, é qualquer coisa diferente disso.
Hmm, eu queria ter escrito isso...
Acho muito boa parte dessa ideia. Dar chance ao que vc chama de "amor meia boca" com certeza pode ser o começo do "amor até o talo". rsrsrsrs Existe aquela ideia do amor ser o outro pedaço da laranja, soul mates... etc... Até existe, mas amor não se acha, se transforma. Para amar, precisamos nos apaixonar, e certemente isso é mais consciente do que imaginamos. ;)
Mas isso é meia-boca? Pra mim é perfeito. Fuleiro é não poder rir de bobagens. Nada que é obrigado vale a pena.
Valeuzão aos que leram, gostaram e divulgaram o texto por aí por seus fotologs e blogs.
E valeuzão também aos que não gostaram, mas que separaram um tempinho de seu dia para ler o blog.
Paola, gostei do seu comentário. Só fiquei frustrado de não ter acesso ao seu perfil para conhecer o outro lado: alguém que acredite na imbatível luta pelo amor perfeito.
conterrâneo, do jeito que o negócio tá russo, o jeito é se contentar com as meia-boquices da vida. chamam isso de conformismo às vezes, mas eu prefiro pensar que é o mundo que tá perdido mesmo...
gostei muito do texto, mas sabe como é... deprimiu...
beijo e parabéns.
Postar um comentário